sábado, 30 de janeiro de 2010

Pérolas do Rico

CARNAVALESCO PALPITEIRO

Os palpiteiros atual em qualquer ramo.
Sempre tive um gosto especial pelo carnaval carioca. Este ano, devido ao nascimento da Gabriela, quero ver se consigo conferir mais de perto.
Estive dando uma ouvida e olhada, de leve, nos sambas e nos enredos.
Todos os anos a coisa é embatucada para saber quem ganha o carnaval. São muitos fatores que envolvem a competição : tempo, horário, harmonia, comportamento de aproximadamente 4.000 pessoas, carros alegóricos enormes, empatia com o público, etc...
A Salgueiro vem embalada em busca do bi-campeonato. Beija-Flor e Imperatriz sempre são competentes, estão sempre no páreo. Vila Isabel vem com um enredo de respeito : falando de Noel Rosa - o poeta da Vila. Mocidade e Portela são sempre umas incógnitas : podem ganhar, como podem cair. Grande Rio e Porto da Pedra ainda não têm um conceito formado. A Unidos da Tijuca vem fazendo belos carnavais, mas me parece que falta ainda alguma coisa : mais simplicidade, pois me parece um pouco elitizada, principalmente nos enredos. A União da Ilha, que subiu este ano, acho que vem para ficar. A Mangueira está com um belo samba : falando da música do Brasil. Se vier bem no chão tem grande chance de vencer. Mas estou acreditando muito na Viradouro, pois vem com bom samba e uma tema bem contagiante : falando sobre o México, suas cores, seus monumentos, suas riquezas, o sol radiante e o calor latino da sua gente, principalmente aquecido por uma boa dose de tequila.
Quero ver se vou na avenida e gritarei da arquibancada :

Alô Gabi
Olha o vô aí
Sacudindo a banha
Aqui na Sapucaí.

É mole ?
- Rico -

domingo, 24 de janeiro de 2010

E no litoral...

Feira do Livro de Tramandaí
de 22 de janeiro a 02 de fevereiro


9ª Feira do Livro de Tramandaí

Local: Ginásio Municipal de Esportes(Ten. marino Dias de Oliveira), no centro de Tramandaí

Horário de Funcionamento: das 17 às 24horas

Informações: Departamento Municipal de Cultura - (51) 36849045

Acesso: GRATUITO


sábado, 23 de janeiro de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

A PINHEIRO MACHADO E O MASSACRE DOS VIDROS
(Por Rosalva Rocha – 11/01/2010)

Como já citei inúmeras vezes neste blog, a Pinheiro Machado é uma rua atípica. Nela residiam e residem pessoas que sempre deixam suas marcas.
Este espaço é dedicado à família do Julio (já falecido) e Lea Bier, que, nos tempos da minha infância, vizinhavam ao lado da nossa casa, num chalé de madeira azul construído por eles, que posteriormente foi vendido para o Dico e a Rose e atualmente é de propriedade do André e da Aline (um casal que “adotou” Santo Antônio).
Como brincávamos a maior parte do tempo na rua, sempre buscávamos algo novo para fazer, e um dos nossos melhores momentos era quando o Julio puxava o seu violão e cantarolava sem parar para alegria dos nossos ouvidos, em frente ao seu chalé. Lá ficávamos nós sentadas ouvindo os seus acordes, que até hoje não sei se eram bons ou ruins. Penso que ele se inspirava na beleza da esposa, já que a Léa, até hoje, apesar da idade e das perdas sofridas nos últimos tempos, continua, na minha opinião, uma das mulheres mais bonitas de Santo Antônio.
O casal tem três filhos: a Ana Claudia, o Carlos Leandro (que sempre o chamamos de “Caleandro” e o Lissandro (um dos donos da noite da nossa cidade).
Os três eram mais novos que a minha “turma de meninas” e nem sempre se misturavam, o que passou a acontecer quando ficamos maiores. De minha parte há um carinho enorme por eles, especialmente pelos meninos, com quem me encontro mais frequentemente.
Mas a base deste texto tem por fim registrar a “capetice” que sempre tomou conta do corpo do Caleandro. Ele certamente tinha um “transtorno obsessivo compulsivo (TOC)” ao quebrar, com grande freqüência, os vidros das casas da vizinhança. Era algo incontrolável, penso que até prazeiroso para aquele lindo menino de largo sorriso. Nossos pais ficavam furiosos e lá saia o Julio ou a Léa para mandarem repor os vidros estilhaçados pelo filho. Mas o estranho é que nunca houve uma confusão ou briga nesse sentido. Nossos pais viam os seus vidros das casas quebrados, comunicavam os Bier e em seguida lá estavam os vidros recolocados.
Eu gostaria muito de ter contado, na época, quantos vidros o “capeta” quebrou, a tal ponto de até hoje ser lembrado por isto.
O tempo passou, ele cresceu e os vidros começaram a durar mais e, consequentemente, o Julio e a Léa a gastarem menos.
O menino de sorriso largo era o terror da rua, mas todos o amavam ... como o amam até hoje, mas sempre lembrando dos prejuízos por ele causados na sua infância.
Marcas que o tempo deixou ... e que, talvez, aproximou mais e mais o nosso bom humor, já que o Caleandro e o Lissandro são homens bem humorados e de bem com a vida.
A minha grande dúvida é sobre o transtorno obsessivo compulsivo, tão estudado pelos médicos atualmente. Tem cura? Será que interiormente o Caleandro ainda não tem aquele desejo incontrolável de quebrar vidros em momentos de grande euforia ou mesmo tristeza? Houve realmente uma cura ou a maturidade o fez entender que o prejuízo não compensava?
E mais: a lembrança desses episódios me foi passada pela Luciana Dapper, minha grande amiga e ainda “muitíssimo traumatizada como eu” pelo massacre dos vidros nas nossas casas.
Como este blog é mais do que democrático, obviamente a Cássia não se oporá à um direito de resposta e, por esse motivo, o Lissandro está sendo copiado.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

E no litoral...

Nada Chega - Carnaval 2010

É tempo de Carnaval!

Pois bem, meus amigos, a maior manifestação cultural do Universo já contagia nossas vidas. Há um bom tempo.
Vamos falar de Carnaval?
O Nada Chega, em 2010, ingressa no seu 11º ano de atividades no embalo do samba e na alegria de uma galera que curte levar a vida de forma diferente.
E se no Verão todo mundo se manda pra praia, a gente ainda arruma coisas boas pra se fazer em Santo Antônio da Patrulha...
Nosso Carnaval de Rua está em plena construção. Todas as terças, quartas, quintas e domingos, pelo menos por enquanto, estamos no PROJAC (Ginásio de Esportes) metendo a mão na massa. A Bola8 faz barulho sempre as quartas (20h) e domingos (18h).
Todo mundo está convidado a comparecer. Qualquer ajuda é bem vinda e necessária neste momento. Pinte tudo! Pinte lá!
Vamos espalhar a notícia e motivar muita gente a prestigiar mais um grande desfile conosco. Sabe de alguém que esteja a fim de participar?carnaval@nadachega.com.br. A gente responde explicando tudo, passo a passo.
Tema de Casa: o samba e o tema enredo estão disponíveis no site, basta acessar o Fala Presidente e rever os post’s mais antigos. A galera tem de estar com tudo na ponta da língua!
Bom, chega de Rua. Vamos ao confinamento.
A Concentração está em fase de definições e após o dia 15 de Janeiro, todo mundo vai ficar ligado nas informações referentes aos pacotes deste ano. Uma coisa é certa: sócio Nada Chega com mensalidades em dia tem a cabeça bem tranquila...
Ah, recadinho final. Acessa o www.nadachega.com.br e participe da enquete que definirá a frase de nossa Camiseta para o Carnaval 2010. Até dia 20 de Janeiro ela fica no ar, aguardando seu voto. Tem cada uma...
Beleza, gente amiga.

Tamo aí mandando brasa.

Abraço Grande.

Herbert Meregali Ouriques
Presidente
Nada Chega

Novela em bate-bola - Capítulo 6

CAPÍTULO 6 - JOSI

As palavras do chefe não lhe saiam da cabeça.
Tentou colocar em prática a ordem de colocar o serviço em primeiro lugar, mas a única coisa que pensava era como uma pessoa que tumultua o ambiente de trabalho porque está com problemas com a esposa pode exigir que os outros não misturem a vida profissional e pessoal.
Joana estava furiosa, visivelmente nervosa com os poucos minutos de diálogo com o chefe.
Ela só ouviu e isso era o que mais incomodava. Poderia ter dito umas verdades; poderia ter gritado para todos ouvirem que ela não tinha problema algum e que a discussão só ocorreu porque ele era um grosso que tratava mal a todos.
Mas ela sabia que precisava do emprego e que mais uma palavra ela iria pra rua. Em conseqüência, trancaria a faculdade e deixaria a mãe em situação difícil, já que seu salário era importante para as duas.
Eliza percebeu imediatamente o desconforto da colega e sabiamente, como sempre, esperou que Joana se acalmasse um pouco antes de procurá-la.
- Joana, tudo bem?
Sim! Respondeu secamente Joana.
-Imagino que ele tenha lhe cobrado ser mais calma e ao final disse que gosta muito de você, com um sorrisinho que deixa qualquer um constrangido.
-Constrangido não, com raiva mesmo! Mais raiva de não ter dito o que eu penso a respeito dele. Ele me disse que as vezes me comporto como uma criança mimada.
-Você é inteligente Joana, sabe que a convivência no trabalho é só algumas horas por dia, que sua verdadeira essência está lá fora. Além disso sabe que você tem pavio curto e isso é reflexo dos seus problemas pessoais e do esforço da sua mãe para que superasse o que aconteceu, ela sempre lhe superprotegeu.
Joana sabia que a colega tinha toda a razão, mas continuava furiosa. Apenas para encerrar a conversa, disse:
-Está certo! Vou me acalmar, até porque nem posso matar mais aulas na faculdade.
Concentrou-se no trabalho e passou calada a tarde toda.
Pegou o mesmo ônibus que pegava todos os dias há três anos; ficou de pé, como sempre e disse ao cobrador o que dizia sempre: -Boa noite! Já que não estou nem no meio do curso,m desejo apenas que chegue as férias! E sorriu.
Ao chegar na faculdade todos os colegas estavam na frente da sala.
Joana ficou na dúvida se adivinharam o péssimo dia que tivera e resolveram recepcioná-la ou se algo pior estava acontecendo.
-O que houve? Perguntou Joana.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Aparecida persegue a morte

Aparecida era diferente das outras moças da cidade. Com dezoito anos, não era bonita nem feia. Quase nunca sorria. Os cabelos sempre presos, os olhos negros sem brilho, as roupas grandes no corpo franzino, parecia não gostar da vida.

Passava noites e dias sentada no vão da porta, à beira da rua dos Pinheiros.

Não fazia crochê, não pensava em enxoval. Não lia nem assistia às novelas. Raramente conversava com alguém que por ali passasse. As crianças achavam graça dela.

Só o que lhe interessava era a passagem do rabecão. Sereno, o responsável local pelo recolhimento dos defuntos, era moço quieto, talvez castigado pela companhia dos mortos. Já se acostumara com a perseguição não explicada da Aparecida. O carro passava, ela corria até o necrotério, que era logo na próxima quadra de casa.

O povo dizia: “Lá vai a Aparecida, correr atrás da morte”.

E ela ia mesmo. Corria até o pequeno necrotério, se esticava pela janela. Observava com atenção cada detalhe. Parecia fascinada por aqueles rostos que já haviam perdido a expressão.

Nesses momentos, os olhos bem abertos, parecia quase feliz.

Sereno não se importava. Já iam três anos que isso se repetia. Sequer se perguntava por que isso acontecia. Deixava-a quieta. Era bom ter companhia, apesar de nunca ter ouvido sua voz.

Assim passavam as noites e os dias da vida de Aparecida.

O povo comentava. Sereno não se importava. Aparecida nem dormia, antes agonizava.

Ansiava pela doença ou por alguma tragédia que iriam lhe proporcionar aqueles instantes. Os únicos em que sentia o sangue lhe correr de verdade nas veias.

Até que a morte bateu em sua porta. Viera buscar seu avô, com quem morava desde que os pais morreram, quando tinha seis anos.

Fora criada por aquele senhor a quem nunca conheceu, que não lhe deu atenção e a fez trabalhar como uma escrava. Cuidara dele até o último instante, mas não sofria sua morte. Antes, sentia alívio. Nunca recebeu uma palavra de carinho. Apenas silêncio.

Tendo saído o médico, mandaram chamar Sereno para que viesse recolher o corpo. Pela primeira vez, ao invés de perseguir, Aparecida iria acompanhar o defunto. Pediu um instante para se trocar. Sereno percebeu que sua voz era doce. Respondeu que podia esperar. E esperou.

A moça saiu da casa com um vestido floral, simples, mas que fez com que o rapaz percebesse que, afinal de contas, ela era bonita. Estava com os cabelos soltos. Um olhar de contentamento.

- Finalmente sou livre, ela disse. – E nunca me interessei pelos mortos, Sereno. Sempre quis saber foi de ti.

O rapaz, que era também um solitário, percebeu que já se afeiçoara pela silenciosa companheira daqueles anos.

Entenderam-se num demorado abraço. Havia sido um curioso namoro de quatro anos. Mas ainda tinham que levar o defunto. Sentada no carro ao lado de Sereno, Aparecida segurava sua mão.

Afinal, não era atrás da morte que ela corria, era em direção à vida.

- Cássia -

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

A Pinheiro Machado e a lua cheia ...

(por Rosalva Rocha – 30/11/09)

Não tive a mesma sorte de conviver por muitos anos com a minha avó paterna – Olívia Knevitz da Rocha – como com a minha avó materna – Rosalina Assis de Oliveira.

A vó Olívia era uma pessoa extremamente simples, de origem alemã, analfabeta (muito embora muito sábia quando se tratava de dinheiro e ensinamentos).

Viuvou muito cedo e passou muito trabalho para criar os filhos – Nicolau, Chiquinho, Arlindo, João, Teobaldo, Julio, Noêmia e Silma.

A partir de um determinado momento da sua vida passou a viver na casa dos filhos – um mês aqui, outro lá, outro acolá ... e assim ia.

Era uma mulher alta, um tanto seca e raríssimas vezes fazia algum tipo de carinho nos netos ... mas era uma excelente pessoa. Tinha uma secreta afinidade com a minha mãe – Nita – e com outra nora – a Tia Cantilha, a ponto de pedir à Deus que morresse próxima delas – e assim Deus o fez!

Imagino que, por nunca ter tido um brinquedo e também oportunidade de comprar para os seus filhos, nunca me presenteou com um. O seu presente de aniversário era sempre o mesmo: “um corte de tecido” (as vezes ela dizia “um corte de fazenda”), que ela comprava com muito custo com a miserável aposentadoria que recebia. Lembro-me que a minha irmã – Goretti, também ganhava anualmente um corte de tecido. Imagino que ela fazia da mesma forma para todos os netos, que eram inúmeros.

Pois bem, a Vó Olívia não podia comer comida com sal e, quando estava na minha casa, a pobre da minha mãe repartia o fogão de 4 bocas com a sogra, pois ela não permitia que a nora cozinhasse prá ela.

Quando a senilidade mostrou-se latente, no início de cada mês ela reclamava que a minha mãe havia roubado o seu dinheiro. Era preciso que o meu pai chegasse em casa para levantar o seu colchão e pegar a “fortuna”, explicando sempre a mesma coisa: “mãe, tu colocas sempre o teu dinheiro embaixo do colchão. A Nita nem sabe disto!”.

A vó Olívia nunca foi faceira, mas quando saia do banho (que, diga-se de passagem não gostava muito), aparecia com o rosto sempre branco, coberto de talco. E lá íamos nós “espanar” aquele pó branco do rosto da nossa vó.

Mas, apesar de ter nos deixado muito cedo, deixou heranças que ficarão para sempre. Como falei, era sábia!

- Falava constantemente, como se fizesse uma profecia, que as estações do ano, com o passar do tempo, se misturariam. E não é o que está acontecendo?

- Profetizava que o mar tomaria conta das cidades ... muitos casos já foram vistos e

- Por fim, nas noites insuportáveis de calor no verão, costumava sentar na entrada da garagem da nossa casa, e colocava-nos a olhar a lua, sempre quando estava cheia. E sempre falava: “vejam! dentro da lua cheia há um homem plantando um pé de alface. Dá pra ver?”

E eu, “particularmente”, via.

Naquela época eu pensava que a lua, quando virada para a Pinheiro Machado, realmente trazia o desenho de um homem plantando um pé de alface; mas hoje analiso de forma diferente: em qualquer lugar aonde eu esteja, e de onde eu veja uma lua cheia, eu enxergo o mesmo homem plantando o mesmo pé de alface.

E não é à toa que eu sempre coloco entre as minhas preferências de vida uma “visão de lua cheia.

Uma boa lembrança deixada pela vó Olívia.