domingo, 31 de julho de 2011

Só mais um tropeço

Da (im)previsão do meu tempo

Quem me conhece sabe que a previsão comigo é de chuva. Forte. Acompanhada de vento, raios e trovões.
Mas o sol aparece diariamente na minha vida, muitas vezes por entre nuvens. E brilha. E me aqueço em seus raios, suficientes para aquecer a mim e aos que me cercam, a cada um de seu jeito. Um calor silencioso de primavera, que esfria à noite para que se possa apreciar a lua, com todas as suas faces.
Em tempos de chuva quase diária, penso nessa previsão ruim, e se ela me é característica, hereditária, genética, ou se foi por mim inventada. Não sei.
Sei que o tempo fechado me cai bem, apesar de alguns pesares, mas aproveito o sol, sem sombra de culpas.
Uma pessoa tropical, afinal. Apenas um pouco mais ao sul.
Será?
- Cássia Message - 

Auto-ajude-se com boa leitura

Uma oração
Jorge Luis Borges

"Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.

Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo."

fonte: www.releituras.com

Cotidiano - por Rosalva Rocha

A magia de “compartilhar”
(por Rosalva Rocha – 29/07/2011)


Considero mágico compartilhar coisas boas e, por esse motivo, valho-me deste espaço para falar um pouquinho sobre um Curso que fiz nesta semana com Affonso Romano de Sant´Anna, um dos nomes mais renomados atualmente na literatura brasileira. O tema central foi “O Amor na Poesia Brasileira”. Três manhãs delirando com os seus ensinamentos, encantada com o que estava aprendendo com esse homem sábio e simples ao mesmo tempo. E ouvir e aprender sobre o amor então? Há coisa melhor?
O Curso fez parte do Festival de Inverno promovido pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre, que acontece anualmente. Imperdível!
Por ser impossível citar, pelo menos a metade do que ouvi, arrisco-me a tecer, em tópicos, algumas citações por ele faladas que considero interessantíssimas para os apreciadores da literatura.
- A partir de 1850 começa uma cultura da “ambigüidade” – a cultura cristã começa a aparecer através da figura da Virgem Maria. Começam a falar de Maria, Vênus e Afrodite. A Maria (santa) e a Maria Madalena (prostituta). Forma-se uma equação, tendo a mulher como: Maria sobre Vênus e Afrodite.
- Chega então o positivismo (muito forte no RS), quando a “mulher é considerada superior porque se submete às vontades do homem” (Teixeira Mendes). O homem passa a ser produto de duas mulheres = a mãe e a mulher que escolheu. A desconstrução da imagem projetada pelo homem passou a ser a grande prova a ser vencida pela mulher.
- O homem começa a construir mitos até mesmo para lidar com a mulher menstruada. Como conviver com alguém que sangra?
- Na literatura romântica houve realmente uma ambigüidade muito grande – havia a mulher “comível” e a “mulher para casar”.
- Do século XVIII até 50/60 pode-se considerar a base de uma exposição de alucinação coletiva sobre o amor. E os leitores participaram dessa neurose.
a) a história do amor representa a repressão do desejo (é complementar);
b) a história da literatura é masculina (era!);
c) corpo do homem ausente – corpo da mulher presente;
- De 60 até agora, o corpo do homem começa a aparecer a partir de poetas mulheres.
- Cecília Meireles foi uma das precursoras da fala sobre o corpo feminino.
E, por fim, algumas citações que julguei extremamente interessantes para compartilhar:
- A história do amor é a história do medo, do medo da asfixia (um pouco da história do homem com a mãe);
- A história da literatura universal é de péssimos amantes – nada realizado quanto desejado;
- Culinária, comida e bebida sempre estiveram relacionadas ao amor;
Amor, amor & amor.
Para aprofundar-se há o livro CANIBALISMO AMOROSO, esgotado mas presente nas estantes virtuais. Conferirei – sugiro que confiram também.
Em tempo: Paralelamente ao Curso, participei do lançamento do Jornal PORTO POESIA na última terça-feira, jornal de poesias totalmente independente, editado em Porto Alegre e já distribuído para vários países. Na ocasião o Affonso Romano estava presente e referiu-se ao nosso estado como sendo o estado mais presente na literatura nacional. Segundo ele, “respiramos e fazemos cultura”.
Há algo melhor para ser ouvido?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Tropeços reprisados (2)

É tempo de Moenda, e minhas energias estão voltadas pro Festival. Pensando nele, aliás, posto a crônica que escrevi para a exposição Moenda da Canção 2010, que acontece anualmente no Museu Antropológico Caldas Júnior.
Até agosto vamos assim, com o coração aos pulos. Pulando com ritmo, é claro.
Um abraço!



Pra quem chega ao fim da tarde
(inspirado na música O Festival, de Fernando Corona)


Já assisti a Moenda de vários lugares: da arquibancada, das cadeiras, em dvd, pela internet... mas agora assisto de um lugar diferente e especial.

Nos finais de tarde de segunda-feira, assisto a Moenda dos seus bastidores, nas reuniões que precedem e que se seguem ao esperado final de semana de agosto. Reunidas, as pessoas que fazem com que este espetáculo aconteça e se repita são uma família: ao redor da mesa da pequena sala que serve de escritório para a Moenda, no Ginásio de Esportes, conversam, tomam chimarrão, discutem. Calculam, telefonam, trocam idéias. Comemoram cada pequena conquista, e superam as dificuldades. Brigam por suas idéias, lutam para que se faça sempre o melhor. Sonham.

Incontáveis detalhes têm que ser lembrados. Se a fé remove montanhas, é preciso muito trabalho para mover uma mesa de som, um jogo de luzes, um palco. É necessário que além da paixão – principal requisito para ser “moendeiro” -, haja garra, persistência e muita paciência. Sem falar em apoio, patrocínio e sorte, que não podem faltar.

Mas eles – e eu, que agora faço parte dessa família – não desistem nunca.

A cada segunda estamos um passo mais próximos da 24ª Moenda, e imagino as emoções que viveremos: aquele medo que antecede os grandes momentos da vida, a coragem que faz estes momentos acontecerem.

Penso na Carmem Monteiro, que neste texto representa cada um de nós. Qual será o segredo para que a razão prevaleça a despeito de todos os sentimentos envolvidos nessas três noites, que são preparadas com tantos pequenos e imprescindíveis cuidados?

No fim, só tenho um certeza: somos todos loucos!

E 'o resultado tá aí: tem gente que chora, tem gente que chora de rir'.

Mas essa loucura é normal.

Essa loucura é FESTIVAL!

- Cássia Message -

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Dia Nacional do Escritor

O dia 25 de julho é um dia dedicado a homenagear o escritor brasileiro, aquele que elabora artigos científicos, pautados em verdades comprovadas, ou textos literários, divididos em vários gêneros. 

O surgimento da data se deu a partir da década de 60, através de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, quando realizaram o I Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira de Escritores, a que os dois eram presidente e vice-presidente, respectivamente. Porém, de alguns anos para cá, as dificuldades dos escritores tem sido muito grandes, principalmente no que diz respeito à publicação de suas obras. Despreocupados com a qualidade dos textos, mas com a quantidade de vendas dos produtos, muitos editores lançam volumes que garantem retorno econômico à empresa. 
Além disso, os meios de comunicação virtual publicam na íntegra, gratuitamente, obras de vários autores, sem considerar os respectivos direitos autorais, causando prejuízos aos mesmos. 

Em razão do mundo virtual, jovens e crianças têm perdido o contato com os livros, passando grande tempo na frente do computador ou da televisão. Com isso, o acesso ao mundo letrado tem diminuído consideravelmente, e com ele as vendas dos artigos literários. 
Ler é importante para o desenvolvimento do raciocínio, para desenvolver o aspecto crítico do leitor, criando novas opiniões e estimulando sua criatividade. Quando lemos, nos reportamos para outros lugares, como se estivéssemos viajando no tempo e no espaço. 

As riquezas literárias são muitas, podendo estar divididas em textos científicos, que comprovam as teorias, e textos literários do tipo romance, comédia, suspense, poemas, poesias, biografias, músicas, novelas, obras de arte, literatura de cordel, histórias infantis, histórias em quadrinhos, dentre vários outros. 

Pesquisa realizada em 2001, pela Câmara Brasileira da Indústria do Livro, comprovou que cerca de 61% dos adultos alfabetizados do país mantém pouco contato com livros, enquanto que a camada mais baixa da população, cerca de seis milhões e meio de pessoas, alegam não ter condições de adquirir livros. 

Hoje em dia o Brasil conta com mais de trinta projetos de incentivo à leitura, bem como de divulgação das bibliotecas públicas do país e seus acervos bibliográficos, sendo o PNLL (Plano Nacional do Livro e Leitura) o mais importante deles. O programa oferece apoio a novos escritores, defende os direitos autorais dos escritores, abona apoio às publicações para novos autores, investem em traduções, mantém premiações e bolsas de incentivo para novos escritores.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

domingo, 24 de julho de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Amigos: a exposição na Casa de Cultura Mário Quintana sobre a qual falei na "Cotidiano" anterior foi aberta dia 21 de julho, e vai até 28 de agosto. Bastante tempo para conferir, entre outros, o trabalho de Maria Eunice Araújo. O horário de visitação é das 9 as 21hs, e a exposição acontece no 3º andar.




Classificadas 25ª Moenda da Canção


Músicas classificadas para a 25ª MOENDA DA CANÇÃO em ordem alfabética

• A carreira do destino Piero Ereno (Porto Alegre – RS)
Piero Ereno e Matheus Alves (Porto Alegre – RS)

• A luz da coragem Guilherme Suman e Thiago Suman (Porto Alegre – RS)
Adriano Sperandir e Cristian Sperandir (Osório – RS)

• A vida com o c Kako Xavier (Pelotas – RS)
Amaro Radox (Pelotas – RS)

• Agora entendo porque choras João Stimamilio (Porto Alegre – RS)
Matheus Alves (Porto Alegre – RS)

• Água boa de beber Zé Alexandre (Poços de Caldas – MG) e Paulo Delfino (São Paulo – SP)
Paulo Delfino (São Paulo – SP)

• Cores e aromas Zé Renato Daudt (Porto Alegre – RS) e Túlio Urach (Uruguaiana – RS)
Miguel Azambuja (Cruz Alta – RS)

• Do encontro à despedida Sandro Dornelles (São Paulo – SP)

• Falquejado no rigor 
Rodrigo Bauer (São Borja – RS)
Érlon Péricles (Porto Alegre – RS)

• Hino a Ninkasi Bárbara Jaques de Góes (Recife – PE)
Thiago Lasserre Ferreira (Recife – PE)

• Los jinetes Carlos Madruga (Porto Alegre – RS)
Carlos Moacir (Uruguaiana – RS)

• Milonga das sete faces Guilherme Suman e Thiago Suman (Porto Alegre – RS)
Ricardo Martins e Matheus Alves (Santana do Livramento – RS)

• Montero Rodrigo Jacques (Pelotas – RS)
Guilherme Collares (Bagé – RS)

• No final, tudo vai dar certo Zé Alexandre (Poços de Caldas – MG)

• O Pedro e o Maninho Carlos Omar Villela Gomes (Santa Maria – RS)
Piero Ereno (Piero Ereno – RS)

• Pode se misturar Caio Martinez (Porto Alegre – RS)

• Rendeiro baião de mim Daniel Wolf (Porto Alegre – RS)
Felipe Azevedo (Porto Alegre – RS)

Classificadas 1ª Moenda Instrumental:

• Chama a mãe Arthur Bonilla (Cruz Alta – RS)

• Flamboyã Cristian Sperandir e Adriano Sperandir (Osório – RS)

• Primeiro filho Thiago Carreri (São Carlos – SP)

• Sete e três Luiz Mauro Filho (Porto Alegre – RS)

Corpo de Jurados:Andréa Cavalheiro
Giovanne Berti
Jaime Vaz Brasil
Samuca Costa
Colmar Duarte

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha

EMPILHÁVEIS
(por Rosalva Rocha – 13/07/2011)

O espaço de hoje será ocupado para instigar os leitores deste blog para uma exposição fantástica que tomará espaço na CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA a partir do dia 26/07, das 09 às 21hs, no 3º. andar.
Diferente, instigante, contando com artistas plásticos renomados e seus trabalhos maravilhosamente criados.
Maria Eunice Araújo, uma das expositores, vem abrindo espaços com seus painéis que trazem para o observador, um olhar diferente do que compõe o dia-a-dia do ser humano.
Insclusive, auxiliou-me a escrever a crônica “O Espaço das Pessoas”, publicada no ano passado pela AELN – Academia de Escritores do Litoral Norte Gaúcho.
Um talento desvendado, que demonstra a coragem de deixar tudo prá trás depois de longos anos atuando na Área da Tecnologia da Informação para dedicar-se às artes, com  graduação prevista para este ano na UFRGS.
Sucessos minha amiga! Sempre contigo!
E não deixem de visitar a exposição. Além da beleza da Casa de Cultura, vocês poderão deliciar-se com essa surpreendente exposição!