domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Os minutos ganhos por mal-educados ...
(por Rosalva Rocha – 19/01/2011)

14/01/2011 – Eu, vindo de uma peixaria na beira do rio em Tramandaí tento entrar na rótula da Av. Emancipação, seguindo o fluxo que vinha pela ponte do Imbé. Eis que de repente aparece um Santana “caindo aos pedaços” com dois meninos que, certamente, não tinham 18 anos. Solicitei, com um aceno de cabeça, permissão para entrar e, neste momento, o motorista (que certamente estava sem carteira), arremessou o carro deixando-o não mais do que uns 3 centímetros do meu. Os dois riram, findando seus risos em largas gargalhadas, certamente  pelo ato “heróico”.
Como eu estava calmíssima naquele momento, não fiquei irritada, e, com o mesmo gesto, solicitei ao motorista do outro lado para entrar. Ele permitiu e eu me deparei com a placa do Santana: Santo Antônio da Patrulha. Confesso que fiquei com vergonha, muita vergonha. Mas, subitamente, o meu sangue, proveniente dos Rochas, subiu-me à cabeça e, mesmo sem querer, baixei o vidro do carro e falei para os dois mal-educados: “Vocês sabem quanto tempo vocês ganharão por não terem tido educação suficiente para deixar eu entrar? No máximo 2 minutos!” E mais: “Vocês sabiam que, com a idade de vocês, certamente não mais conseguirão ser homens decentes e educados?” . Não preciso escrever que os dois ficaram atônitos e perderam o riso.
Saí dalí questionando a mim mesma se, no meu tempo de adolescência, os meus amigos faziam isto (sim, eles,  porque eu não tinha carro). Não! Eles eram travessos, irreverentes, as vezes um tanto irresponsáveis; mas mal educados não. Foram orientados desde pequenos a respeitarem os mais velhos, a serem gentis, a serem adolescentes “normais”, adolescentes que entravam na minha casa como irmãos e se portavam como tal. Hoje são homens decentes que entram da mesma forma.
Por quais caminhos está sendo conduzida uma grande parte dos nossos adolescentes? Quais serão os seus valores?
Isto me deixa assustada!
Paralelamente lembrei-me de que, na semana passada, ligando para a ZH para fazer a tranferência da assinatura do jornal da minha mãe para a praia, no final do contato, o atendente questionou-me: “Por favor, a senhora poderia informar-me qual o assunto que gostaria de ver abordado em uma coluna da ZH?” E eu, sem pestanejar, respondi: “O volume estarrecedor de terceirização da educação dos filhos por uma grande parte de pais”. E vejam que não sou mãe e muito menos professora de adolescentes. Mas sou tia, sou dinda e serei tia-avó.