quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nada Chega

O BAILE DE MÁSCARAS

O salão estava pronto
Lindo, arrumado
No ponto.
O chão reluzia
O lustre resplandecia
O porteiro sorria.
A orquestra estava afinada
A batuta bem domada
Não faltava nada.
Máscaras lindas
Vinham de toda parte
Pareciam obra de arte.
Conversas animadas
Ressoavam pelo salão
O maestro iniciava a primeira canção.
Os pares dançavam animados
Alegria com tristeza
Riqueza com pobreza.
A tragédia piscava para a comédia
O bem e o mal olhavam a lua
O orgulho e a humildade passeavam pela rua.
Nunca se viu tanta igualdade
Ser respeitada numa sociedade
Nem tanta união que coubesse dentro de um salão.
- Sônia Raupp Schebela -

sábado, 17 de abril de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

UM SUSTO DAQUELES ...

(por Rosalva Rocha – 21/02/2010)

Na época da minha juventude, não raras as festas de aniversário de 15 anos eram realizadas na própria residência da(o) aniversariante. Geralmente as “guloseimas” eram feitas pela própria família e os móveis da sala arredados para que, após o “parabéns à você”, a turma pudesse dançar à vontade, obviamente que dentro dos padrões estabelecidos para a época (nada de rostos colados!).

Descendo a nossa rua e dobrando à esquerda, na primeira quadra, lá residiam duas grandes amigas da Pinheiro Machado, filhas do Seu Irani e da Dona Carmem – a Clarice e a Jussara. Tinham idade muito próximas e sua casa sempre foi aberta aos amigos de uma forma muito carinhosa.

Chegando o seu aniversário de 15 anos (as duas comemoraram juntas), nós, as amigas, começamos os preparativos - cortes de tecido comprados no Seu Antônio Chico, maquiagens compradas da Dona Nilda (do AVON) e por aí afora. Muito raramente tínhamos a oportunidade de ir à Porto Alegre para alguma aquisição. O dinheiro era sempre muito curto para as meninas da Pinheiro Machado, mas nossas mães sempre “se puxaram” para que as filhas não se entregassem à ausência de algum adorno que as deixassem mais belas.

A ansiedade era inevitável!

Lembro-me até hoje do meu trajinho: “uma saia de linho bege um pouquinho acima dos joelhos e uma blusa estampada com verde, com uma larga fenda nas costas”. O cabelo? Ah sim, ao estilo “pigmaleão”, cheio de laquê! Os olhos pintados com sombra verde nos tons mais variados e, é claro, cílios postiços (acreditem ou não! mas na minha época os cílios postiços eram muito usados – o pior era a tiragem da cola no dia posterior ... mas tudo era válido!).

O dia do aniversário chegou! Três horas de produção e lá saí do meu quarto toda “engomada”. Meu pai, sentado na sua cadeira preguiçosa na área da nossa casa olhou-me, esboçou um sorriso e foi logo dizendo: “No máximo 1 hora da manhã minha filha! No máximo!” (aquelas palavras até hoje me doem – sempre fui meio louca, mas no fundo comportada, não esquecendo jamais que sou do signo de virgem, com ascendente em escorpião e lua em leão, o que me confere uma certa dose de “seriedade”).

Neste momento não me lembro com quem fui, mas provavelmente com toda a turma da Pinheiro.

Chegando lá me deparei com uma bebida que nunca havia tomado antes, toda ela colocada em uma enorme vasilha de vidro com as xícaras penduradas ao seu redor. A bebida chama-se “bole” e a vasinha “boleira”. É feita com frutas diversas e champagne. Muito boa e “chique” na época.

Vale parar um pouquinho para comentar que, graças ao meu encanto com a tal da “boleira”, acabei herdando da Vó Rosalina as xícaras (somente as xícaras) da boleira dela. A boleira fora “espatifada” antes do seu falecimento. Conservo-as na minha cristaleira da sala com muito carinho.

Retornando ... as aniversariantes estavam lindas como sempre: a Clarice com seus cabelos extremamente lisos e negros e a Jussara com seus olhos azuis ... sempre muito educadas e, naquele dia, ainda mais solícitas aos amigos. Belas anfitriãs!

O aniversário transcorreu maravilhosamente bem para satisfação especialmente da Dona Carmem, que sempre teve um orgulho imenso “das suas meninas”, tirando um pequeno deslize de nosso amigo Joel Cardeal, que, estabanado como sempre, acabou tropeçando sobre o lindo bolo de aniversário. Alguns retoques foram dados ligeiramente no bolo e lá seguiu a festa.

Eu, desfalecida com uma paquera de uma semana anterior, acabei esquecendo qualquer promessa feita ao meu pai. “Ele” (a paquera) me tirou para dançar, nos encaminhamos para o meio da sala, cuidei para não colar o rosto no dele e acabei me esvaindo naquela paixão que, convenhamos, era muito mais intensa do que as paixões que rolam atualmente.

A imaginação corria solta até que, subitamente ... um susto daqueles!!!!!!!!! Meu pai, vestido de pijama (acreditem! e era listrado!), com cara de “leão pronto para pegar a presa”, postava-se na porta de entrada da sala.

Não vejo qualquer necessidade de finalizar a história.

O episódio por si só se explica!

Em tempo: Ao ler esta história para minha mãe a mesma comentou que, no momento em que o meu pai entrou no aniversário de pijama, ela chorava na esquina da Pinheiro Machado com a Marechal Floriano, com a Maria Inês bem pequena no colo, dizendo: “Meu velho, por favor, não faça a nossa menina passar vergonha ...”

E como passou ...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Novela em Bate-bola - Capítulo 8

Capítulo 8 - JOSI

Joana nunca acreditara muito em esoterismo, misticismo, essas coisas, mas não podia negar que ficou muito mexida com o que a cartomante lhe disse.

Voltou para casa tentando se distrair para esquecer toda aquela loucura que lhe foi dita, mas não havia como distrair-se com coisas que via diariamente no trajeto pra casa.

Abriu a porta e a mãe veio recebê-la contando a briga que teve no prédio entre a vizinha do 302 e o síndico, não parava de falar do bate-boca que houve até perceber que Joana não ouvira uma única palavra, estava pálida e longe, sentada no sofá.

A mãe assustada questionou: - Que foi Joana, ser a pessoa de confiança da turma para tratar de um assunto delicado com um professor deveria ser uma honra e não uma preocupação!

- Que nada, mãe! Respondeu Joana. Tá tudo tranqüilo na faculdade.

- Então foi aquele teu chefe arrogante, o que foi dessa vez? Eu já te disse minha filha, saia desse trabalho; podemos apertar as contas até conseguires algo melhor. Fome não passaremos.

- Não é nada disso mãe, se tu me ouvires poderei te contar!

Joana passou a relatar a ideia de Marina e a experiência com a vidente. Confessou que ficou impressionada com as palavras daquela mulher desconhecida que a conhecia tão bem.

O que mais a surpreendeu foram as previsões. Segundo a mulher, o futuro lhe reservava muita coisa boa.

Joana sempre foi muito insegura. Sempre achou que nunca teve sorte na vida e que não havia as mínimas condições de melhorar.

Estava acomodada com sua situação, fazendo faculdade e trabalhando num lugar que não era o melhor do mundo, mas era suficiente para suas despesas.

A única intranqüilidade de Joana era o amor!

Há quanto tempo não se interessava por ninguém. Pior, achava que não tinha nada que atraísse alguém.

Mas as palavras daquela mulher encheram-na de esperança. Acreditava que havia alguém muito próximo que ela não desconfiava.

Quem ela odiava tanto que se confundia com amor.

Só havia uma pessoa que ela odiava:

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Monjolo forever - vamos caminhar?

E a Páscoa passou mesmo.
Mas nosso projeto da caminhada até o Monjolo não foi amassado junto com as embalagens dos ovos de chocolate.
Vamos sim!
A caminhada será SÁBADO, DIA 17 DE ABRIL DE 2010, saindo da frente do Colégio das Freiras às 8:00h da manhã, em direção ao Monjolo, com uma pequena correção no trajeto (pra mais): 6,6km.

A seguir alguns lembretes que nosso amigo, médico, escritor e atormentante organizador de caminhadas nos passa:

"1) Tênis: calce aquele seu tênis velho, confortável, que já tem as curvas e calos do seu pé tatuados nele. Nem pense em calçar um tênis novo, apertado, que esteja frouxo aqui ou apertado ali. Seus pés merecem cuidado. Portanto...tênis velho, confotável, macio, amaciado. Nada de novidades. Meia igualmente macia, que não machuque seu pé.
2) Boné: se você teme os efeitos do sol em sua pele, e ainda mais, se você não tem muitos cabelos para protegerem sua calva....tenha um boné devidamente posicionado em sua cabeça. Sabe como é...o sol às vezes castiga. E além do mais, dá para levar uma barrinha de cereal escondidinha no boné para dar de presente ao Silvano no meio da caminhada.
3) Roupa: difícil saber como vai estar o tempo no dia (se terá sol, nublado, etc). Mas pense sempre em conforto, e não pense em carregar agasalhos do meio para o fim do percurso. Conforto, conforto, conforto....
4) O que carregar? No máximo uma água mineral, uma barrinha de cereal, uma banana, sei lá. Mas de novo persiste a lembrança de evitar peso extra. Nada de mochilas pesadas e desconfortáveis. As pessoas que farão fotos terão que carregar suas máquinas, coitadas.
5) Sogra - só se for a sua. Nem pense em levar a MINHA!!! Brincadeirinha, sogrinha, brincadeirinha....
6) Político em ano eleitoral - risco total de confusão. Melhor evitarmos temas como política, futebol ou religião.
7) Cachorro - nem pensar. Já teremos cachorros à vontade pelo trajeto, todos querendo nos morder. Não precisamos providenciar cães sobressalentes.
8) Filho(a) - só se for maior de quatorze anos, para não sofrer com a caminhada.
9) Pessoas que ficam estabelecendo regras para a caminhada- DISPENSE na saída este chato. ....ops, me distraí de novo.
SILVANO - com sede de poeira"

Atenção: cada pessoa a mais que levarmos vale um brinde: mais um sorriso e a garantia de que você gostará da companhia. Até lá, e não esqueçam do protetor solar... - Cássia (baixinha metida essa)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dica da Rosalva

Aproveito a oportunidade de postagem deste blog para divulgar um texto de uma grande amiga ...

Não deixem de lê-lo!

Vale a pena também a dica do livro abaixo ... e fiquem atentos para o próximo!!!

Em tempo: É conhecedora da Pinheiro Machado também!


Numa sala de chat dos 30 aos 40 anos ...

(por Lonise Gerstner – do livro PARALELO 30 – Editora Totalidade – SP – 2003)

Blog: www.lonise.blogspot.com

Comentarista semanal do site www.radiowebdagente.com.br

“ ... Que incrível ... Em pleno maio de 99, a Internet ainda está um pouco lenta, mas já dá para se divertir. Estou numa sala dos 30-40 anos conversando com s@ud@des. Já é um nickname bonito, né? Mas ao mesmo tempo em que escrevo estas linhas imagino quantas pessoas não estarão entendendo o que digo ...

Por que a natureza humana é assim: tanta gente jogada, desinteressada, parada no tempo? Por que tenho tanta vontade de experimentar o novo e convivo com tanta gente que não tem nenhuma vontade? Ai, agora dei um ALT TAB e vi a resposta da s@ud@des: trinta e oito anos, três filhos e teclando, gaúcha. Fiquei feliz, perguntei se queria continuar teclando e quis. Legal, tem gente que diz que chat é só putaria. Claro que tem, mas tem parceria, novidade e amizade também. Aliás, como em qualquer convívio social.

Estou feliz. Hoje recomeço o meu livro, parado por tanto se tantos anos, devido aos filhos.

Ai, os filhos, é tanta coisa para escrever, tudo o que aconteceu: filhos, Brasil, Internet. Mas vamos aos poucos. Hoje fica na história: é o reinício. Coragem para reiniciar, era o que faltava. Aquí está ela. Iniciei, agora só vai ...”


E, em breve será lançado o seu segundo livro, intitulado MERIDIANO 51.

Segue um briefing do mesmo:

O livro Meridiano 51 - e que já foi Quarentonas - é um conjunto de “crônicas-desabafos” de uma mulher na faixa dos 40 anos questionando o nosso país. Inicia com um estudo político do Brasil a partir do umbigo de uma mãe preocupada com o futuro dos seus filhos neste país.

Essa busca a leva a trabalhar por um período fora do país com a família, sempre questionando e tentando mostrar aos seus filhos na prática a relatividade das coisas.

Misturando crônicas, emails e papos no Messenger, ela discorre sobre os preparativos, o período de adaptação, o aprendizado, o questionamento sobre a profissão, a solidão, os encontros, os desencontros, a volta para a cidade natal, Porto Alegre. Os problemas e questionamentos que toda quarentona vivencia, independente do país no qual vive, são permanentemente abordados.

Rosalva - 30/03/2010

Vamos caminhar?

Muito bem, a Páscoa já vai ter passado, a sexta santa já vai ter ido pelo ralo ....e você vai perceber que CAMINHAR faz bem à saúde e ao seu espelho.
Assim, marque na sua agenda:
SÁBADO - 17 de abril - manhã
Neste dia vamos fazer uma caminhada de amigos, sem cunho religioso, sem cunho político, sem cunho esportivo.
Será apenas um grupo de AMIGOS caminhando, batendo papo, curtindo a natureza.
Trajeto proposto: Colégio das Freiras até o Monjolo.
Distância a ser percorrida: de acordo com o Google Earth são 6,3Km.
Mais perto vamos dar detalhes. A gente vai a pé e volta de ônibus.
Coisas de Silvano - sempre incomodando...
Ainda bem!


SOMBRAS

Há momentos na vida
Em que nosso ser
Se acha envolvido em densas nuvens
Sombras do passado...
Que emergem das profundezas da alma
E avançam sobre nós
Cobrindo-nos totalmente
Arrancando-nos surdos soluços
E fazendo sangrar feridas
Que o tempo não cicatrizou.
Ou...
Sombras do presente...
Onde nossa capacidade de pensar com lucidez
Fica temporariamente recoberta
Por negras nuvens que aos poucos
Trasformam-se em abundantes lágrimas.
Onde pedaços de nós mesmos
Perdem por instantes
Sua cor...
Seu brilho...
Sua luz...
- Sônia Raupp Schebela -

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

Uma tia que eu não esqueço

(por Rosalva Rocha – 15/02/2010)

Tia Maria Fagundes também residiu na nossa Pinheiro Machado, justamente na casa onde atualmente reside a Licinha e seus filhos (que, permita-me ela, também são meus filhos!).

Foi casada com o Tio Julio Rocha (o irmão mais novo de meu pai) e, desse casamento, nasceu o Junior Cesar (meu primo “Cesinha”, que, após o falecimento prematuro da mãe, imigrou para o Nordeste e por lá ficou, certamente para saborear as praias paradisíacas a que tem direito). Graças à tecnologia nos reencontramos e constantemente nos comunicamos, permanecendo o mesmo carinho de sempre. Formou uma família linda, a qual só conheço por fotos, mas “alguma coisa me diz” que em breve nos encontraremos.

Minha mãe sempre conta que a Tia Maria, no dia do seu casamento, estava muito linda e ainda guarda uma foto dos noivos cortando o lindo bolo, ela com um vestido branco de brocado. Seguidamente lembra que o casamento aconteceu no Rolante e a festa no Rolantinho, com o churrasco e os demais acompanhamentos feitos no forno, bem ao estilo português.

Angariou simpatia por todos os cantos, especialmente a minha, pois eu fui a sua “boneca-teste” por muito tempo.

Quando resolveu estabelecer um Instituto de Beleza na Av. Borges de Medeiros, utilizava-se da “boneca” para testar as suas habilidades. Sendo assim, muito nova eu já me destacava pelas belas unhas pintadas (muitas vezes criticadas pelo meu pai), cachos muito bem seguros por um laquê de endurecer até mesmo uma pena e, quando necessário, dormia com inúmeros grampos presos sob o meu cabelo encaracolado para deixá-los muito lisos no dia posterior (chamava-se de “touca”). E, assim, a boneca ficava bonita e se divertia nas mãos da sua tia querida.

Lembro-me da primeira vez em que ela resolveu colocar um rímel nos meus olhos. Chorei a tarde inteira e ela trancou-me no Instituto para eu não chegar em casa com os olhos inchados. Até hoje choro quando coloco rímel. É sempre um suplício.

Gostava de pintar os meus olhos na cor azul, com tonalidades diferenciadas que acabavam formando um lindo “degradée”.

Para tirar as minhas sobrancelhas ela se utilizava de alguns artifícios, já que eu sentia muita dor. Pegava um algodãozinho embebido no álcool e massageava carinhosamente por muito tempo, antes de lançar a “pinça fatal”.

Ensinou-me a contornar o batom com lápis vermelho, o que costumo esporadicamente fazer até hoje.

E sempre que o “desmanchar dos penteados” me doía a cabeça em função do laquê ou a “pinça assassina” me deixavam irritada ela dizia: “Minha filha, é preciso sofrer para ficar bonita!”. Ainda hoje penso nesta frase e, sem dúvidas, graças à minha querida tia, apesar dos 50 anos, continuo com a mesma vaidade de sempre.

E, para finalizar deixo registradas as palavras do Cesinha há meses atrás através do Orkut: “Prima, a mãe sempre gostou muito de ti e penso que ela, se tivesse uma filha, gostaria que fosse igualzinha à ti.” Acabou me comovendo ... Sem dúvida, tínhamos um amor e uma cumplicidade muito grande.

Saudades ...