quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Capítulos da Josi

Avós

Estava programada para voltar ao blog trazendo vida e acabei tendo inspiração na perda.
Essa semana perdi a Vó Maria. Pra mim foi mais do que tristeza, foi misto de surpresa com desalento.
A vó já estava com a idade avançada e os órgãos teimavam em dar o ar da graça. Talvez cansados de tanta lida, resolveram gritar que o tempo passa. Mesmo assim, a gente sempre acredita que com o passar dos anos a gente conserta uma coisa pra logo estragar outra. Simplesmente assim eu pensava que seria, iríamos consertando e pronto.
Até que um dia tudo para e não tem mais conserto e eu, que sabia de tudo que acontecia, não estava preparada.
No fundo, “egoístamente” eu queria que meus avós fossem eternos, ainda que o corpo começasse a falhar. Falo em egoísmo porque mesmo sabendo da real possibilidade do sofrimento, meu pensamento era que ainda existisse vida.
Como acredito em Deus e acredito que ele faz o melhor, me resta o conforto nostálgico do passado.
Podemos dizer que tivemos os melhores exemplos, de retidão, honra e caráter. Fomos educados para respeitar e ter bondade independente de qualquer coisa.  Meus avós nos ensinaram que dinheiro não compra uma família unida e feliz.
E demos boas risadas!!! Ah Vó Maria... quem herdará o vocabulário que deixava o Vô Tuna com as bochechas vermelhas???
Quem nos explicará detalhes de certos assuntos com tanta clareza de expressão?
Quem baterá a melhor gemada do mundo e quem fará o único biscoito que molhado no café com leite é comparável aos doces oferecidos no Castelo de Buckingham?
Simplesmente não há substitutos, restam apenas os estilhaços das lembranças no coração e o gosto do doce na memória da boca.
Aprendi a não ter a pretensão de sermos melhores do que outros, mas posso me orgulhar de ter tido a oportunidade de conviver com pessoas tão especiais.
Eu queria muito que os meus filhos tivessem o prazer de conhecer meus avós, os três que já se foram: Vô Osvaldo, Vô Tuna e Vó Maria.
Fisicamente não terão. Mas terão chance de viver entre os frutos que terão muito a lhes passar. Além de serem protegidos e iluminados por eles  onde quer que estejam.
Aceitemos pacientemente a perda mas não aceitemos o esquecimento.

“Os avós eram de carne e osso
Tinham braços e pernas e cabeças
Arterias nervos coração e alma
Humanos como nós
Os velhos tauras
Mas de bronze e de ferro nos parecem
Como campeiros que fizeram historia
Estátuas vivas de perenidade
Nos pedestais do tempos e da memória”

Aparício da Silva Rillo

- Josiane S. Borges -

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Máscaras
(por Rosalva Rocha – 11/10/2011)
Tem uma frase do George Harrison (ex-Beatle) que diz mais ou menos assim: "O amor que você dá é o mesmo que você recebe." Copiei-a de um post de uma colega.
Sempre procurei pensar dessa forma e, por essa razão, sempre amei-amei-amei, doei-me. Muitas vezes extirpei meus pedaços negros e fui à luta com a brancura de uma onda, - o que ainda restava em mim.
Mas as vezes essa vida louca tem me mostrado o contrário, em situações muito repetidas. Nem sempre o amor que você dá é o mesmo que você recebe”.
Falo de todos os tipos de amores – que fique bem claro!
Até porque as definições da palavra são tantas que é impossível definí-la.
Falo do amor-bondade,
amor-reciprocidade,
amor-compreensão,
amor-razão,
amor-dever
Que eu não me engane que as pérolas ainda existam,
o mar refresque a alma,
o riso mude as estações
as palavras possam ser ditas
a cara possa ser mostrada e,
especialmente, as máscaras sejam extirpadas.
Porque,
penso eu, não há vida, não há cotidiano
sadio, não há faíscas de felicidade se armas
precisam ser usadas, mesmo que não se pense em guerra e só
se queira paz.

sábado, 15 de outubro de 2011

Reflexões Tempestivas - por Artur P. dos Santos

ENCONTRADOS NO BAÚ
P/Artur Pereira dos Santos

Domingos festivos
de tardes estreitas.
Saudades dispersas,
Amigos\Presentes.

Traços marcantes
de colina bucólica
Recitando histórias
Revelando sonhos.
Expondo sorrisos\Brancos
Em vidas recentes.

Entardecer de páginas
Pendurando histórias,
nos museus\Crianças.
De extrema leveza
Em brisa constante

Ass. Borges.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Auto-ajude-se com boa leitura on-line

ALGUÉM MATEIA COMIGO

VEZ POR OUTRA ALGUÉM SE ACHEGA, DE LONGE PRO MEU COSTADO,
     VEM, ME TOMA O PENSAMENTO, E ME TRANSPORTA AO PASSADO;
    -POSSO SENTIR SUA PRESENÇA, ENXERGÁ-LO NÃO CONSIGO...
     AO DE REDOR DO BRASEIRO ALGUÉM MATEIA COMIGO.

    NO CALOR DE UM FOGO GRANDE, HÁ UM RITUAL PRIMITIVO,
    FEITO UM ELO ENTRE DOIS LADOS NUM MOMENTO SENSITIVO;
   -SENDO ASSIM, DO MEU AGRADO, DESTE MUNDO ME DESLIGO...
    ENQUANTO DO OUTRO LADO ALGUÉM MATEIA COMIGO.

    TALVEZ SEJA UM DESSES ÍNDIOS DE XUCRA SABEDORIA...
    QUE, NAS HORAS DE REMANSO, QUANDO TUDO SILENCIA,
    ME OLHA SEM DIZER NADA, FEITO QUEM OUVE UM CONSELHO;
   ALGUÉM MATEIA COMIGO COMO SE OLHASSE NO ESPELHO.

    QUEM SABE TENHA SAUDADE DE UM TEMPO QUE JÁ FOI SEU,
    E VOLTE PARA MATÁ-LA NO LUGAR ONDE VIVEU;
    ALGUÉM QUE ASSIM COMO EU, TEVE A SORTE QUE BENDIGO
    E NA IMPRESSÃO DA SEMELHANÇA MATEIA JUNTO COMIGO.

   SEGUINDO O MESMO CAMINHO DESTE ALGUÉM QUE ME ACOMPANHA,
   ENCONTRO A PAZ QUE PRECISO NA IMENSIDÃO DA CAMPANHA!
   O GALPÃO DOS MEUS INVERNOS É, POR CERTO, UM TEMPLO ANTIGO,
   POIS, DO OUTRO LADO DA VIDA ALGUÉM MATEIA COMIGO.

Zeca Alves - inverno/2009
Na costa do lajeado e na santa paz de DEUS.

Acompanhe o blog do poeta Zeca Alves: http://zecalves.blogspot.com/

Rosa Morena


sábado, 1 de outubro de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha


O voo dos pássaros ...
(por Rosalva Rocha - 22/09/2011)
 
Hoje, viajando pela auto-estrada, ouvindo uma boa música, sol no rosto, cheirinho de primavera chegando e pensamentos jogados aos ares.
De repente, olhando para o céu, uma revoada de pássaros, em bando.
Sincronia perfeita.
Encantamento - deslumbramento.
Formavam um belo desenho que se transformava a medida do meu olhar.
Todos do mesmo tamanho, no mesmo compasso, possivelmente voando nos mais acertados segundos.
Mesmo muito distantes, passaram-me a impressão de que estavam felizes, indo para algum lugar - talvez festejar - brindar algo que conquistaram.
Todos, sem exceção, com a cabeça erguida e o olhar para frente.
Um sinal?
Sim, prá mim sim! Os sinais existem!
Sentimento de que é a união é possível, de que o coletivo não desapareceu, de que agrupar-se é sinal de aprendizado, já que todos temos os nossos talentos e gostaríamos de conquistar outros.
Disciplina - respeito
Tudo perfeito
Neste mundo imperfeito
Onde sonhamos tanto em trilhar um caminho nada estreito.
 
Por que não seguí-los?