domingo, 30 de agosto de 2009

Tropeços

Breve relato de uma dependente

Noite de domingo. Estou sem inspiração.Quase não dormi e, pra piorar, há uma semana o secador de cabelos estragou, o que me obrigou a repensar minha existência.

Desenvolvi uma estranha, quase bizarra dependência do secador de cabelos. Agora, sem ele, lembro com pesar dos tempos de liberdade.

Daquela sensação maravilhosa do vento no cabelo molhado.

Penso nele novamente. Pesquiso preços na Internet. Invento desculpas pra não decidir. Tento brava e inutilmente resistir. Quisera ser mais forte. Mas sem ele, afinal, não sou nada.

Meu cabelo desgrenhado reflete literalmente minha personalidade,

Mas fere de morte minha autoconfiança – que nesse delírio, espero ter grafado certo.

Longe, alguém canta uma canção.

Aqui, gotas que pingam de uma torneira mal fechada.

Apesar de tudo, a vida não para, afinal...

Pra trilha sonora da minha vida


Baia e Marcos Bassini - Toda

Pérolas do Rico - A pedra e as palavras

A tarde já se tornava quase escura, na rua estreita, cercada de prédios.

Um barulho estridente soou na esquina. Era a porta traseira que se fechara, depois de despejar um passageiro. Era o ônibus da linha 511 que servia o bairro. Fez a curva, contornando o bar da esquina e seguiu pela rua costeira.

A pedra, como era chamada, era uma mureta que circundava o bairro da Urca, contornando a baía. De um lado o bairro residencial e do outro o oceano, com seus barcos ancorados.

Era ponto de encontro para os que trabalhavam naquela região da cidade. Nas sextas-feiras, fim de tarde, não poderia começar um final de semana, sem o bate papo na pedra, acompanhado de uma boa cerveja. O bar da esquina atendia os clientes. Os freqüentadores já eram conhecidos.

Naquele fim de tarde, uma sexta normal, os funcionários de uma empresa sediada no bairro conversavam entre si. A ordem era não falar de trabalho, mas naquele dia o assunto de serviço tomou conta da roda.

Entre uma cerveja e outra, falavam de setores e pessoas. Fulana foi para tal setor. Beltrano veio do departamento tal. As opiniões eram variadas. Uns falavam bem, outros criticavam.O palco era livre.

Paulo Calazans gritou para o garçom. Não precisava dizer nada. Em seguida chegou a cerveja, vinha de duas. Enquanto serviam nos copos, Binho lascou na roda : - E o Lourival com o Allan, o que vocês acham ? Del Vecchio saltou de pronto : - Acho que é normal. – Eu não acho nada normal, interpelou Calazans, com um ar de quem assoprava a fogueira. – Aquilo não pode ser normal, sentenciou Binho. Já em tom de discurso continuou : É normal deixar a família e ir morar com um colega ?

Del Vecchio tentava fazer o colega raciocinar : - veja só : - se eu, por uma razão ou outra me separar da minha mulher, não posso ir morar contigo Binho, que é meu amigo ? Alberto Bertini, que até então estava quieto não se conteve : - não sei não. – acho que dariam razão para se suspeitar. Calazans, na sua calma, não perdeu a chance : - tem caroço neste angu.

- Mas é claro que tem, saltou Binho. – Então o cara larga a família, no subúrbio, e vai morar com o colega na Barra, na zona dos emergentes, sem motivo algum ? Bertini, já vermelho de tanto rir : - tudo em nome do amor... Del Vecchio protestou : - é muita maldade de vocês.

Quando pediram outra cerveja, chega mais um colega, o João Luiz. A pergunta já vem à queima roupa : e tu João, o que achas do Lourival e do Allan ? – É normal ou tem coisa, completa Calazans. – Acho que tem coisa, veredita João Luiz. Binho não perdoa : - e daí quem é quem ? – Aposto que o Lourival é mais homem.. – Se tiver que apostar em homem, aposto no Lourival.

- Eu acho que é muita maldade, insiste Del Vecchio. – Ah. meu amigo, não vem com este teu lirismo, falou Binho, que ainda completa : - ali alguém afoga o ganso.

Nisso chega Julio César que ficou trabalhando até mais tarde, o presidente lhe chamou.

Dessa vez Calazans tomou a frente : Júlio César, tu que não ouviu nada, o que achas do Lourival e do Allan ? – Alguém é fruta ! Era o que Binho queria. – Eu não falei. Ta na cara. E Calazans completou : - E quem é quem ? Júlio César roeu a unha e lascou : - Acho que o Allan é que agasalha.

Eu também acho, saltou João Luiz. – É muito penduricalho naquele malandro.

Pessoal, eu tenho um compromisso ainda hoje. – Vou ter que ir embora, falou Bertini.

- Vamos dar uma folga para os dois, foi dizendo Calazans. – Vamos falar do Binho e do Del Vecchio, lançou Júlio César. – Acho que até dá samba.

Em meio às risadas chamaram o garçom. O rateio foi feito.Estava na hora de irem embora.. A pedra ainda estava repleta de freqüentadores. O vozerio era alto.As luzes enchiam a noite, os barcos dormiam na baía, o Redentor espiava por entre as folhas dos oiticeiros.

Joelson Machado de Oliveira

sábado, 29 de agosto de 2009

Desplugadito

Enquanto isso, no galpão:
Wagner Medeiros - Passado


Crack, nem pensar!

Abrace você também esta idéia.
não pense que o crack ainda não faz parte de sua vida.
ele está bem mais perto do que nos permitimos imaginar.



Auto-ajude-se com boa leitura

As intermitências da morte
- José Saramago -

'No dia seguinte ninguém morreu'...
Traz questões sociais e existenciais fortes.
Mas não pretendo explicar ou comentar Saramago.
Sei meu lugar.

Pra este nosso cantino, importante apenas registrar que 'foram felizes para sempre' vai ter outro sentido depois dessa leitura.
Ainda mais pros que, como eu, acreditam nos amores impossíveis.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Grêmio Literário Patrulhense

Alguns patrulhenses, ligados à área da literatura e poesia, fizeram dias atrás, uma pré-reunião para reerguimento do Grêmio Literário Patrulhense.

Ficou decidido que o reerguimento é definitivo - não terá volta - e que a partir do mês de setembro haverá uma reunião sempre na terceira terça-feira de cada mês.
A próxima será dia 15/9 às 19h e 30min. na Copi-Art (Livraria e Café).
Já bolaram muitas coisas para acontecer. Certamente, você não irá querer perder.
Veja só quem também já está engajado neste levante cultural :
D. Ivone Selistre, d. Regina Barcelos, Joelson Oliveira, Ana Clara Maciel, Luiz Nicanor, d. Iolanda Rosa, Ana Zenaide Ourique, Rosalva Rocha, Delurdes Werner e, certamente você, que não é louco(a) em ficar de fora.
Quem escreve alguma coisa : vem com a gente !

Família

familiafrenteverso001.jpg

quinta-feira dia 03 de setembro
Espaço Cultural Qorpo Santo, às 20:00h.
SILVANO MARQUES - , e o professor JERRI, de Osório, proferindo PALESTRA seguida do lançamento do livro FAMÍLIA: FRENTE & VERSO.
Sua presença por certo vai enriquecer a emoção da noite.
A Palestra versa sobre o tema do livro e terá início às 20:00h.
Após este momento inicial, os convidados participarão de uma noite de autógrafos para festejar a estréia do novo livro.


Parênteses

adoro parênteses e traço que indicam uma pequena explicação sobre o assunto que os antecedem.
tipo: meu amigo Vuado - que aguenta minhas conversas malucas pela noite afora -....
e assim vai.
no final, o leitor nem lembra sobre o que estava lendo.
mas se aproveitou os parênteses, já valeu.
porque, como diria o poeta,
a vida é feita de momentos,
não te percas do agora!...

Huuuuuuuum

Ainda tô aqui.
Aqui, assim, nos fundos de casa mesmo.
Na rua?
Não, no Meia Meia 2.
'Acústicos do tempo que eu nasci' seria um bom nome prum post.
Porque os caras tão me alcançando no calendário.
Mas também não estão ficando pra trás na cena cultural virtual do quase Beco -
caminho certo pra chegar no Insônias...
E pra eles, e pros que curtem música...............
Meu novo post/coluna/sucesso:
DESPLUGADITO.
Aguardem a madrugada....................

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Meia Meia 2

Ah, as primeiras noites mornas do final do inverno..............

Mas chega de suspiros.
Afinal, a Moenda acabou.
E hoje Santo Antônio, curada da ressaca, volta pra noite.
Sem a mesma emoção, é claro.
E eu, bem, ainda sob o impacto das boas lembranças.

Faço hoje a primeira de muitas postagens diretamente do Meia meia 2,
o novo ponto de encontro do cair da noite patrulhense.

Sem o Festival, o bar mostra a q veio:
vai abrigar os boêmios que vagavam pela escuridão em busca de um porto seguro.
vai dar voz aos 'poli' e 'valentes' músicos patrulhenses que se escondem pelos galpões.
vai embalar as conversas animadas de quem ansiava por gritar, entre uma viola e um tambor:
TOCA ZÉ LUIZ!!!!

Cá estamos nós.
e eu, volto mais tarde, porque minha cerveja vai acabar esquentando...

H1N1

Em tempos de gripe, não se pode esquecer: água, sabão e álcool:
por isso, vou tomar um banhinho,
e sigo pra rua atrás de uma cerveja.
Limpinha por fora e por dentro!

E abre a gaita, gaiteiro!

Auto-ajude-se com boa leitura

O Médico e o Monstro
- R. L. Stevenson -

Dr. Jeckyl e Mr. Hyde vão te ajudar a se sentir menos culpado depois daquele dia de fúria. Ou não...

Pérolas do Rico - Quem me dera

Escrita em alusão ao dia do escritor: 25 de julho.

Quem me dera.

(por Joelson Machado de Oliveira)

Quem me dera, através das palavras, refletir o silêncio dos campos, o barulho das cidades, o rumor dos oceanos, o zumbido dos ventos.

Quem me dera, usando apenas letras, transmitir a quentura do amor jovem e a candidez do amor maduro. Quem me dera.

Abrir caminhos na opressão, defender os oprimidos, festejar com os verdadeiros vencedores.

Quem me dera, repassar a dor não doída, a igualdade não discriminada, a pureza das almas sadias, usando apenas alguma coisa para escrever.

Se eu pudesse levar no papel o canto dos canários rodeando as casas, o passeio envolvente dos colibris coloridos, a dança dos tangarás nos galhos das árvores.

Quem me dera, mostrar a tristeza, de uma forma doce, a alegria com raios de uma tênue luz, que não ofuscasse os outros. Quem me dera.

Que a miséria fosse somente um motivo de escrita e que eu pudesse levar mais riqueza e contentamento para o coração dos meus semelhantes, daí eu me sentiria um verdadeiro escritor.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Longe do interior

Tesouros na Praça: neste sábado, roteiro gratuito
por museus e memoriais da Matriz

A 4ª edição do programa “Os caminhos da Matriz” ocorrerá no próximo dia 29/8, sábado. O objetivo do evento é desvendar as relíquias pertencentes ao povo do Rio Grande do Sul e abrigadas em prédios públicos. A programação promovida de forma gratuita inclui visitação guiada a diversos museus e memoriais sediados na Praça: Memorial do Judiciário, Solar dos Câmaras, Palácio Piratini, Museu Júlio de Castilhos e Memorial do Ministério Público. Também ocorrerão atividades culturais e apresentação musical (confira roteiro abaixo).

O início das atividades será às 13h30min, no Museu Júlio de Castilhos e para participar não é necessário fazer inscrição. O programa prevê a apresentação das sedes do Tribunal de Justiça, do acervo de objetos e da ambientação de cartório, com mobiliário antigo.

Roteiro

“Há Tesouros na Praça – Os caminhos da Matriz”

Data: 29/8

13h30min – Museu Júlio de Castilhos;
14h15min – Memorial do Ministério Público;

15h – Memorial do Judiciário;

15h45min – Solar dos Câmara – Assembleia Legislativa;
16h30min – Palácio Piratini.

Fonte: TJRS – www.tjrs.jus.br

Céu de Oceano

Boa notícia pra quem perdeu o lançamento de Céu de Oceano, o segundo livro do Joelson Machado de Oliveira, ou praqueles que quiserem repetir a dose e bater um papo com o autor:

Tem tarde de autógrafos na Copy-Art - na Cidade Alta, dia 05 de setembro, das 15 às 19h.

Imperdível!

Pela noite

A noite é mesmo minha parceira.
Basta que eu me atire pra ela, e ela me recebe com o que tem de melhor.
Sempre.
E essa não foi diferente.
Mas foi surpreendente - ando com sorte pras boas surpresas.
Vou contar: saio por ai, pra esquecer de mim, que dou muito trabalho, e nem vou longe.
Logo em frente está meu grande amigo Joelson Oliveira - o Rico (ele mesmo, autor do Remoendo Sonhos), em pleno lançamento do seu novo trabalho - Céu de Oceano -, disposto a apadrinhar o Insônias e ser meu primeiro colaborador.
Dá pra acreditar?
Já estava até se aprumando pra postar suas crônicas neste nosso blog.
E mais: já batizou o Insônias como o 'Espaço Cultural Virtual da Pinheiro Machado', a despeito das gargalhadas da Mercedes - sua Mafalda Veríssimo, que ri, mas tá sempre nos apoiando nos bastidores.
Mas eu não podia ficar pra trás: me armei de coragem, da minha habitual e internacionalmente conhecida cara-de-pau (que eu espero ainda tenha esses hifens todos) e fui além:
Vai ter postagens do Rico pra todos os gostos: 'Pérolas do Rico' começa hoje.
Não dá pra perder.
Ele dá tintas de glamour aos meus finais de tarde.
E vai iluminar vocês também...

Amém!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aaarre

Vou pra rua,
rir um pouco das imperfeições dos outros.
Dar uma atenção pros cachorros sem dono
jogar conversa fora com desconhecidos.
Velar as casas que me são queridas
E espiar as pessoas de quem sinto saudades.
Levar os meus no coração
Pro escuro da noite,
onde finalmente estarei à vontade.

O pote histórico


A Associação dos Ceramistas do Rio Grande do Sul – ACERGS – e a Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior – FMACJ - traz para Santo Antônio a XV edição da Exposição “O Pote”. 60 ceramistas de todo o Estado estarão participando da Exposição, além da patrulhense Maria da Graça Ourique. A Abertura acontece no dia 27 de agosto, às 19h.

A mostra é organizada anualmente pela Acergs, sempre utilizando o pote cerâmico, sua representação, usos, funções simbólicas e dimensão artística. Em 2009 os trabalhos deixam a Casa de Cultura Mario Quintana e pela primeira vez são deslocados para um município do interior. “O Pote” propõe variações e diferentes leituras em torno do objeto.

O Museu permanece aberto de segunda a sexta das 08h às 17h30min sem fechar ao meio dia. Para visitações nos finais de semana, o agendamento deverá ser feito até sexta-feira às 17h30min, na casa sede do Museu. Mais informações pelo fone 36622738.

Fonte: ACS/PMSAP

Apanhando

Bah que eu entendo pouco desse tal de blog.
Mas só não tá morto quem peleia.
Encontro vcs na madrugada.
Enquanto isso, vou treinando.

Nada Chega



Dom

Num domingo de qualquer agosto

Só eu sei como aconteceu.

Veio da noite de Festival

O cheiro, a pele, o gosto,

Prum dia tranquilo de lua nova

Que se acabou sem final.

Carinho...

Distância...

Saudade...

Lembrança...

Mas desse domingo de algum agosto

Sei que teu rosto sereno

Guardou de mim

Ao invés de uma milonga

Na madrugada de uma noite longa

O retrato em branco e preto

Que nesse dia eu fiz de ti!

Pras minhas insônias queridas

Insônias é um projeto que começou numa das tantas noites que passei no sofá, com a tal da TV, minha fiel companheira, tagarelando nos meus ouvidos.

Andava na cabeça, nem sei bem onde, esperando por hoje.

E assim como eu, que não sou só gente, nem só bicho, não tem muitas pretensões.

Só quer existir, e se manter livre.

Vai ficar por aqui, enquanto eu, sigo de braços e abraços com minha loucura.

E, claro, acordada.

Boa noite.