terça-feira, 29 de junho de 2010

Novela em Bate-bola - Último Capítulo

Passando a Limpo - Capítulo 10 - JOSI

Joana sabia que ficara impressionada com as palavras da cartomante e imaginou que por isso seu coração disparou quando viu o chefe. Certamente, depois do que ouviu sobre as previsões de amor, inconscientemente estava na busca da pessoa próxima que poderia mudar a sua vida.
Sentada em sua mesa, o trabalho inerte na tela do computador, Joana pensava que não podia ser aquele homem grosso que a destratava semanalmente que faria seu coração bater mais forte.
Mas a cartomante lhe disse que o amor que entraria em sua vida a amava há algum tempo, só ela não percebia.
Então concluiu que jamais seria o seu chefe.
Levou um susto quando foi tocada no ombro, era ele, pedindo delicadamente que passasse em sua sala, precisava lhe passar uns dados para complementar a planilha.
Joana recuperou-se da volta abrupta à terra e foi à sala do chefe.
Naquele dia ele estava calmo e mais bonito, sem dúvidas. Parecia até mais carinhoso.
Joana saiu da sala sorrindo, estava completamente louca.
A noite, saindo da faculdade, viu no celular, que estava no silencioso, uma ligação perdida. A tela mostrava o registro: Lucas Chefe – Casa;
Na dúvida se retornava a ligação àquela hora, resolveu ligar.
Com ar de preocupação disse assim que ouviu a tão conhecida voz masculina:
- Boa Noite, estou retornando a ligação que não pude atender, pois estava na aula. Algum problema?
- Não!, respondeu o chefe. Só queria saber se podíamos sair pra comer alguma coisa?
Confusa, Joana respondeu: - Mas hoje, a essa hora?
- Sim, agora! Respondeu calmamente.
- Está bem, me diga onde posso lhe encontrar. Estou saindo da faculdade.
- Me espere aí. Passo em 10 minutos para lhe pegar.
Chocada com o que acabara de aceitar, Joana despediu-se e desligou o telefone.
Sentou-se na parada do ônibus e em uma fração de segundos muita coisas lhe passaram pela cabeça.
O medo de ser demitida por ter um relacionamento com o chefe, de ter feito a maior bobagem da sua vida.
Mas principalmente, o medo de rever o passado que tanto lhe atormentava.
Enquanto esperava, rapidamente revolvia na memória o dia que o pai, bêbado, descobriu sua gravidez com o namorado de infância. A cena do pai espancando-a e levando praticamente arrastada a uma clínica clandestina imunda que realizava abortos.
Os dias de sangramento, dor e tristeza que seguiram.
Depois o sumiço do namorado, com quem jurou amor eterno e apoio mútuo sempre. Conviver com a ausência e o abandono do namorado, que não suportou a pressão dos acontecimentos e preferiu deixá-la viver tudo sozinha.
Com a cabeça baixa viu que alguém parou na sua frente. Era ele, Lucas, ele veio mesmo!
Ela levantou-se e imediatamente disse: - Não sei se fiz a coisa certa aceitando o seu convite, Confesso que o fiz mais porque fui pega de surpresa.
- Essa era a minha intenção, surpreendê-la para que não houvesse tempo de pensar e me negar, pela menos, uma chance.
As palavras eram doces.
Joana, apressadamente, tratou de justificar os seus medos. Ansiosa dizia que temia pelo trabalho que tanto precisava. Que não sabiam nada um do outro. Nunca, em anos de trabalho, trocaram mais do que bom dia, planilhas e relatórios.
Lucas calmamente explicou que não estava obrigando-a a largar o mundo e esquecer a sua vida. As vezes é bom ser um pouco inconsequente.
- Joana, disse ele, se qualquer um de nós achar que não vale a pena assumir os riscos de nos conhecermos melhor, voltamos a trocar apenas bom dia, planilhas e relatórios.
Joana percebeu que estava nervosa e agitada, falava rápido. Suspirou fundo, abriu um sorriso e disse: - Que motivos tenho pra tanta aflição, não aconteceu nada!
Lucas retribuiu o sorriso e respondeu: - Ainda!
Saíram lado a lado em direção ao carro.
Ele abriu a porta, ela sentou-se e enquanto ajeitava o cinto de segurança pensou:
Se o passado eu não posso modificar e o futuro eu não sei como vai ser, vou tratar de ser feliz agora!
Quando o carro se movimentou, Joana disse sorrindo: Você acredita em cartomante?


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Renato Muller na Livraria Cultura

O que: Renato Müller pocket show.

Quando: 24 de junho, quinta-feira, às 19:30.

Onde: Livraria Cultura, no Bourbon Country [Av. Túlio de Rose, 80]

Quanto: Entrada franca.

sábado, 5 de junho de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

Carinhos especias sobrevivem na Pinheiro Machado ...

(por Rosalva Rocha – 15/05/2010)

Lá chego eu na Pinheiro Machado

Geralmente de 15 em 15 dias

Aos sábados pela manhã

Sempre um tanto atarefada

Cansada

Minha mãe aguardando ansiosa

Muitas coisas gostosas na mesa

Depois uma sobremesa

Um momento do soninho

Em uma cama com cheiro de talquinho

Bombons no criado-mudo e,

De repente, o despertar para a leveza

Nem todos os finais estes finais de semana

São iguais

Em alguns, algumas coisas me incomodam profundamente,

Mas vou em frente

Porque sei que há carinhos permanentes

À noitinha o barulho do jornal bate na grama

Minha mãe se joga para pegá-lo como se fosse uma jóia

Abre-o de traz para a frente e fica ali absorta

E, de repente, um toque na campainha

É a Dna. Mercilda com vários retalhos

Para compô-los comigo

Uma bela toalha que será trabalhada com carinho

E o domingo chega

E com ele, não raras vezes,

Um pão quentinho feito pela Dna. Teresinha

Recém tirado do forno

Como-o sem pensar no horário e

Guardo a metade para trazê-lo para a semana

E quando ligo para agradecer

Ela diz:

Não agradeça

Há coisas que não se faz para receber

Carinhos, carinhos especiais

Que é preciso sentir de mansinho

Para poder saboreá-los

Com a doçura com que são

Feitos de mansinho

Nada Chega