Avós
Estava programada para voltar ao blog trazendo vida e acabei tendo inspiração na perda.
Essa semana perdi a Vó Maria. Pra mim foi mais do que tristeza, foi misto de surpresa com desalento.
A vó já estava com a idade avançada e os órgãos teimavam em dar o ar da graça. Talvez cansados de tanta lida, resolveram gritar que o tempo passa. Mesmo assim, a gente sempre acredita que com o passar dos anos a gente conserta uma coisa pra logo estragar outra. Simplesmente assim eu pensava que seria, iríamos consertando e pronto.
Até que um dia tudo para e não tem mais conserto e eu, que sabia de tudo que acontecia, não estava preparada.
No fundo, “egoístamente” eu queria que meus avós fossem eternos, ainda que o corpo começasse a falhar. Falo em egoísmo porque mesmo sabendo da real possibilidade do sofrimento, meu pensamento era que ainda existisse vida.
Como acredito em Deus e acredito que ele faz o melhor, me resta o conforto nostálgico do passado.
Podemos dizer que tivemos os melhores exemplos, de retidão, honra e caráter. Fomos educados para respeitar e ter bondade independente de qualquer coisa. Meus avós nos ensinaram que dinheiro não compra uma família unida e feliz.
E demos boas risadas!!! Ah Vó Maria... quem herdará o vocabulário que deixava o Vô Tuna com as bochechas vermelhas???
Quem nos explicará detalhes de certos assuntos com tanta clareza de expressão?
Quem baterá a melhor gemada do mundo e quem fará o único biscoito que molhado no café com leite é comparável aos doces oferecidos no Castelo de Buckingham?
Simplesmente não há substitutos, restam apenas os estilhaços das lembranças no coração e o gosto do doce na memória da boca.
Aprendi a não ter a pretensão de sermos melhores do que outros, mas posso me orgulhar de ter tido a oportunidade de conviver com pessoas tão especiais.
Eu queria muito que os meus filhos tivessem o prazer de conhecer meus avós, os três que já se foram: Vô Osvaldo, Vô Tuna e Vó Maria.
Fisicamente não terão. Mas terão chance de viver entre os frutos que terão muito a lhes passar. Além de serem protegidos e iluminados por eles onde quer que estejam.
Aceitemos pacientemente a perda mas não aceitemos o esquecimento.
“Os avós eram de carne e osso
Tinham braços e pernas e cabeças
Arterias nervos coração e alma
Humanos como nós
Os velhos tauras
Mas de bronze e de ferro nos parecem
Como campeiros que fizeram historia
Estátuas vivas de perenidade
Nos pedestais do tempos e da memória”
Aparício da Silva Rillo
- Josiane S. Borges -
É ... a baronesa deixou o seu legado. Linda a homenagem Rosi. Ela certamente está feliz com ela. Bjs,
ResponderExcluirDesculpe-me o erro: Josi.
ResponderExcluirValeu Josi. Muito bom.
ResponderExcluirCertamente a vó Maria se lesse o teu texto, diria: É um "sanapismo" essa guria. Um "purgante de raloá francês". Viste o "diputismo" de gente que tinha no meu enterro?Vai te enxergar e olhar pro teu "coadril".
Oi Rosalva...deixou mesmo o seu legado!!!
ResponderExcluirTio Joelson, estou com dor na barriga de tanto rir! Só quem conheceu essa figura...
Bjs