Uma tia que eu não esqueço
(por Rosalva Rocha – 15/02/2010)
Tia
Foi casada com o Tio Julio Rocha (o irmão mais novo de meu pai) e, desse casamento, nasceu o Junior Cesar (meu primo “Cesinha”, que, após o falecimento prematuro da mãe, imigrou para o Nordeste e por lá ficou, certamente para saborear as praias paradisíacas a que tem direito). Graças à tecnologia nos reencontramos e constantemente nos comunicamos, permanecendo o mesmo carinho de sempre. Formou uma família linda, a qual só conheço por fotos, mas “alguma coisa me diz” que em breve nos encontraremos.
Minha mãe sempre conta que a Tia Maria, no dia do seu casamento, estava muito linda e ainda guarda uma foto dos noivos cortando o lindo bolo, ela com um vestido branco de brocado. Seguidamente lembra que o casamento aconteceu no Rolante e a festa no Rolantinho, com o churrasco e os demais acompanhamentos feitos no forno, bem ao estilo português.
Angariou simpatia por todos os cantos, especialmente a minha, pois eu fui a sua “boneca-teste” por muito tempo.
Quando resolveu estabelecer um Instituto de Beleza na Av. Borges de Medeiros, utilizava-se da “boneca” para testar as suas habilidades. Sendo assim, muito nova eu já me destacava pelas belas unhas pintadas (muitas vezes criticadas pelo meu pai), cachos muito bem seguros por um laquê de endurecer até mesmo uma pena e, quando necessário, dormia com inúmeros grampos presos sob o meu cabelo encaracolado para deixá-los muito lisos no dia posterior (chamava-se de “touca”). E, assim, a boneca ficava bonita e se divertia nas mãos da sua tia querida.
Lembro-me da primeira vez em que ela resolveu colocar um rímel nos meus olhos. Chorei a tarde inteira e ela trancou-me no Instituto para eu não chegar em casa com os olhos inchados. Até hoje choro quando coloco rímel. É sempre um suplício.
Gostava de pintar os meus olhos na cor azul, com tonalidades diferenciadas que acabavam formando um lindo “degradée”.
Para tirar as minhas sobrancelhas ela se utilizava de alguns artifícios, já que eu sentia muita dor. Pegava um algodãozinho embebido no álcool e massageava carinhosamente por muito tempo, antes de lançar a “pinça fatal”.
Ensinou-me a contornar o batom com lápis vermelho, o que costumo esporadicamente fazer até hoje.
E sempre que o “desmanchar dos penteados” me doía a cabeça em função do laquê ou a “pinça assassina” me deixavam irritada ela dizia: “Minha filha, é preciso sofrer para ficar bonita!”. Ainda hoje penso nesta frase e, sem dúvidas, graças à minha querida tia, apesar dos 50 anos, continuo com a mesma vaidade de sempre.
E, para finalizar deixo registradas as palavras do Cesinha há meses atrás através do Orkut: “Prima, a mãe sempre gostou muito de ti e penso que ela, se tivesse uma filha, gostaria que fosse igualzinha à ti.” Acabou me comovendo ... Sem dúvida, tínhamos um amor e uma cumplicidade muito grande.
Saudades ...
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