As cartas
(por Rosalva Rocha – 05/12/2011)
Acabo de sair de uma sessão de cinema; porém, um pouco diferente das habituais: recostada displicentemente no meu sofá, com direito à pipoca, um squeeze com água e meia-luz.
Assisti ao filme NOITES DE TORMENTA, emprestado pela amiga-colega Benette.
Como todo bom filme, saio enebriada, com divagações diversas e louca para ter com quem discuti-lo. Não é o caso de hoje! São 23h22m. No chances!
Mas de tudo o que se passou o que mais chamou-me a atenção foram as cartas, as cartas que sumiram, que não mais são entregues pelos carteiros, não mais apanhadas na caixinha do correio e “cheiradas” antes de abri-las. Sim, eu cheirava as cartas antes de abri-las, especialmente quando o(a) remetente era alguém especial na minha vida.
Cartas que transportavam emoções, letras grandes, outras miúdas, algumas palavras desencontradas e, no final, quase sempre um fechamento inesperado, sutil.
Elas, com sua magia, eram capazes de adornar dias e dias com uma ternura sem fim.
Aonde foram parar?
Como boa (ou péssima! – não sei), guardadora de memórias, há meses atrás coloquei fora uma caixa enorme repleta de cartas de amigos, conhecidos, amores. Algumas delas continham até mesmo dissabores, mas eram cartas! A sua partida deixou-me triste por alguns dias e certa de que a outra caixa que ainda possuo somente terá o mesmo destino quando o meu coração estiver mais forte.
Será o tempo? a tecnologia? a constante mudança pela qual vamos nos adaptando sem perceber, como nuvem que passa? Não sei e não busco explicações; só sei que, prá mim, deixaram maravilhosas lembranças – e o filme provou isto de uma maneira profunda.
Sendo esta provavelmente a última crônica para o Insônias do ano, faço aqui um propósito: recomeçarei a escrever cartas. Não ousarei pensar que será um sacrifício postá-las nos Correios e, muito menos, se elas tocarão ou não alguém. Certamente eu serei tocada ao escrevê-las. Já bastará!