domingo, 29 de abril de 2012
Uma declaração aos tropeços
Tem situações na vida que nos fazem sonhar. Outras, nos atiram direta e inevitavelmente para a realidade.
Eu pensava que a declaração de imposto de renda estava enquadrada no segundo tipo, mas talvez estivesse enganada.
Comecei a encarar aquele programa com ares românticos, daqueles que só utilizo quando quero me creditar o fabuloso título de aspirante a aprendiz de escritor.
E eis que me vi solitária, posto que não tenho cônjuge nem dependentes, tampouco neste pais das maravilhas posso me considerar ou, melhor, me declarar dependente de ninguém.
Em seguida, um lampejo de alegria: sim, eu ainda moro no mesmo endereço, a casa que em um distante momento de felicidade e loucura escolhi para viver. Ela é minha, muito que minha, apesar de constar em tantos outros itens desta humilde declaração de amor que nem me atrevo a mencionar...
Sim, pois até quando me declaro para que o País saiba de mim, nós combinamos manter alguns segredos.
Noutro momento sinto falta de ter mais crédito comigo mesma, de estar mais preparada para a velhice, de ter feito melhores planos para a eternidade.
Por fim, me roubando do delírio, o momento da verdade:
"Cássia, você tem pendências a resolver. Seja sincera, mulher de Deus, você não tem direito de esconder nada da sua pátria-mãe, ainda que ela nem sempre lhe seja tão gentil.
Mostre-se, criatura vivente. Você é cidadã, eleitora, dona-de-casa, trabalhadora. Declare-se!!!"
Então me dou conta de que não havia me enganado. Este é sim um momento real, apenas tingido pelas cores da magia que escolhi emprestar à vida.
- Cássia Message -
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