terça-feira, 30 de novembro de 2010
Cotidiano - por Rosalva Rocha
A Mesa
A mesa
Sempre a mesa
Aquela mesa
Que tanta falta me faz
No cotidiano pesado, às vezes parado, sempre me lembro da mesa. Sim, da mesa! Uma mesa com toalha de pano quadriculada, com pratos amarelos desbotados, com bordas riscadas, rodeados por garfos, facas, copos e guardanapos. Em cima dela nada de sofisticado – somente um paliteiro, um pote de sal, um de vinagre e outro de pimenta malagueta.
Nela todos com seus lugares marcados. Ninguém precisava avisar aonde eu tinha que sentar.
12h00min. Almoço servido. Todos à mesa. Uma conversa sempre rolava, geralmente sobre o colégio e muitas “lições de moral”, mesmo a meu contragosto.
Assim era a nossa mesa no tempo do meu pai. Prá ele, a família tinha a obrigação de fazer as refeições junta.
O prato dele era cheio de verde, muito verde. E sempre com “carne de cortar”. Minha mãe enlouquecida entre o fogão e a mesa, sempre preocupada com o que poderia faltar. Mas nunca faltava nada e, se faltava, eu não lembro, pois não tinha importância alguma.
Lembro-me até hoje da frase por ele proferida todos os dias antes das refeições: “Não se esqueça de lavar as mãos”, hábito que nem sempre cultivo nesta vida que já não mais me oferece a mesa.
Nunca mais tive uma mesa
Uma mesa sem pressa
Onde se pudesse comer e parar um pouquinho para conversar
Divagar sobre algum assunto
Poetar
Esquecer que as louças precisam ser lavadas
Que a comida que restou precisa ser guardada
E se eu disser que muitas coisas que sei hoje eu aprendi justamente na mesa?
E seu eu disser que, talvez, a minha saudade maior seja justamente a mesa?
Por que ela sumiu da minha vida se eu sei que é nela que os ajustes da família são feitos?
Se é nela que a gente abre o coração de verdade?
Se é nela que a vida fica mais amena e é propícia para que os planos rolem?
Aonde está a mesa?
Um retângulo de madeira, seguro por quatro pés, é para mim, atualmente, a mais singela lembrança dos meus tempos sem pressa, sem discórdias, sem grandes intenções.
Um retângulo de madeira que apoiava os meus sonhos, que traduzia a minha segurança e me fazia pensar que seria para sempre.
Uma mesa POR FAVOR!
Rosalva – 09/11/10
Longe do interior...
Poesias Cantadas - Um tributo às grandes canções desconhecidas 02/12/2010 Usina do Gasômetro
Posted: 30 Nov 2010 07:42 AM PST
Serviço:
Poesias Cantadas
Local: Usina do Gasômetro - 5o Andar (Sala 505)
Data: 02/12/2010
Horário: 19h30
Valor: 1 kg de alimento não-perecível
Fonte: corjablog.blogspot.com
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Transformação
Cotidiano - por Rosalva Rocha
ESTRANHO PAPO
27.10.10.
Café em frente ao cinema do Moinhos Shopping, às 13h10min.
Eu ali, sentada em uma poltrona forrada na cor vermelha, aguardando minha amiga para assistirmos COMER, REZAR, AMAR.
Obviamente que, dez minutos antes eu já havia adquirido o ingresso e tomado o meu “expressinho”. Minha amiga, como sempre, chegou no “último minuto do segundo tempo”. Somos tão parecidas em tantas coisas e tão diferentes em outras!
Ao meu lado um casal muito jovem namorando. Não! Discutindo!
Muito embora eu não seja do tipo “bisbilhoteira”, era impossível não entender as palavras que um jogava para o outro.
Tudo muito estranho. Um diálogo que me deixou surpresa pela sua “profundidade” (sim, para eles devia ser!).
Ele: Eu te falei! Não quero que olhes para os lados, especialmente quando estivermos no Bar ... (não me recordo o nome do tal Bar!).
Ela: Mas eu não olhei gato. Meus olhos são só prá ti!
Ele: Me engana que eu gosto! Se pensas que me seduzes com essa boquinha linda estás enganada!
- Neste momento ela “tasca” um beijo nele – Ele retribui (não tive como não olhar)
Retornando:
Ele: Chega de beijo. Eu não gosto do teu beijo!
Ela: Então por que estás comigo gato?
Ele: Simplesmente porque ti amo!
E, sem mesmo tomarem um mísero cafezinho saíram dalí lépidos e faceiros. Ele com uma calça jeans muito larga e um tênis mais do que batido, e ela com um shortinho prateado e um sapato de salto 15 – nada a ver, mas nada a ver mesmo prá mim naquele momento.
Fiquei pensando no tempo em que eu tinha mais ou menos a idade deles.
Será que os diálogos eram assim? Sinceramente não me recordo, mas recordo da paixão que pairava no ar. No quanto uma briga “produzida” vez ou outra atraia um “voltar” com mais intensidade, jurando perdão por toda a vida, como se a partir daquele momento tudo fosse infinito. E mais: recordo que nunca chamei um namorado de “gato” (sempre preferi os cachorros!).
Minha amiga chegou e eu não a vi. Ainda estava vendo, na memória, a saída dos enamorados e da sua discussão “mais do que por justa-causa” – tão sem causa!
Entramos na sala do cinema, ajeitei-me na poltrona e comecei a assistir ao filme. Eu, minha amiga e somente mais uma pessoa. O cinema era literalmente nosso!
O diálogo simplesmente encantador, a fotografia linda, o propósito das mensagens mais do que interessantes e eu ali, chorando, chorando – vez ou outra soluçando e me questionando: “quem sou eu para ficar analisando uma discussão inútil de um simples casal de namorados se não consigo sequer me manter firme frente a um filme que merece tanta atenção?” A conclusão? Meus lados infantil e sentimental ainda não desapareceram. Será que um dia desaparecerão?
Rosalva
28/10/10
sábado, 6 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Só lhe dê solidão, Soledade
Mudança de atitude
(05/10/2010)
Uma pessoa, que eu conheço, volta e meia era achacada por um pedinte a quem atendia dando-lhe uma moeda, de pequeno valor, que a ela não fazia falta e a ele não resolvia o problema de crônica miséria.
Ai, um belo dia (inspirado por certo pelas mais altas esferas celestiais) em vez de dar, gratuitamente, uma moeda, fez-lhe uma proposta:
- Pago-lhe um valor justo se você fizer um trabalho que não posso, nem tenho tempo ou condições de fazer.
Feito o trato, o pedinte buscou meios de realizar a tarefa e recebeu com um pouco de operosidade e engenho o que lhe custaria ganhar com horas de humilhação.
Agora, essa pessoa é procurada, seguidamente, não como uma ofertante de migalhas, mas como aquela que pode oferecer oportunidade de crescimento.
O pedinte já não pede esmolas, pede oportunidades de prestar serviços e por eles ser remunerado.
Cresceu em sua auto-estima. Viu-se como capaz de ganhar seu sustento, sem precisar mendigar, pois está oferecendo-se para executar tarefas ao seu alcance e com elas sustentar-se.
Com certeza um milagre aconteceu, para quem o realizou e para quem o recebeu.
Quem disse que milagres são coisas impossíveis?
Só dependem de uma mudança de atitude.
- Solide Costa -