segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cotidiano - por Rosalva Rocha

ESTRANHO PAPO

27.10.10.

Café em frente ao cinema do Moinhos Shopping, às 13h10min.

Eu ali, sentada em uma poltrona forrada na cor vermelha, aguardando minha amiga para assistirmos COMER, REZAR, AMAR.

Obviamente que, dez minutos antes eu já havia adquirido o ingresso e tomado o meu “expressinho”. Minha amiga, como sempre, chegou no “último minuto do segundo tempo”. Somos tão parecidas em tantas coisas e tão diferentes em outras!

Ao meu lado um casal muito jovem namorando. Não! Discutindo!

Muito embora eu não seja do tipo “bisbilhoteira”, era impossível não entender as palavras que um jogava para o outro.

Tudo muito estranho. Um diálogo que me deixou surpresa pela sua “profundidade” (sim, para eles devia ser!).

Ele: Eu te falei! Não quero que olhes para os lados, especialmente quando estivermos no Bar ... (não me recordo o nome do tal Bar!).

Ela: Mas eu não olhei gato. Meus olhos são só prá ti!

Ele: Me engana que eu gosto! Se pensas que me seduzes com essa boquinha linda estás enganada!

- Neste momento ela “tasca” um beijo nele – Ele retribui (não tive como não olhar)

Retornando:

Ele: Chega de beijo. Eu não gosto do teu beijo!

Ela: Então por que estás comigo gato?

Ele: Simplesmente porque ti amo!

E, sem mesmo tomarem um mísero cafezinho saíram dalí lépidos e faceiros. Ele com uma calça jeans muito larga e um tênis mais do que batido, e ela com um shortinho prateado e um sapato de salto 15 – nada a ver, mas nada a ver mesmo prá mim naquele momento.

Fiquei pensando no tempo em que eu tinha mais ou menos a idade deles.

Será que os diálogos eram assim? Sinceramente não me recordo, mas recordo da paixão que pairava no ar. No quanto uma briga “produzida” vez ou outra atraia um “voltar” com mais intensidade, jurando perdão por toda a vida, como se a partir daquele momento tudo fosse infinito. E mais: recordo que nunca chamei um namorado de “gato” (sempre preferi os cachorros!).

Minha amiga chegou e eu não a vi. Ainda estava vendo, na memória, a saída dos enamorados e da sua discussão “mais do que por justa-causa” – tão sem causa!

Entramos na sala do cinema, ajeitei-me na poltrona e comecei a assistir ao filme. Eu, minha amiga e somente mais uma pessoa. O cinema era literalmente nosso!

O diálogo simplesmente encantador, a fotografia linda, o propósito das mensagens mais do que interessantes e eu ali, chorando, chorando – vez ou outra soluçando e me questionando: “quem sou eu para ficar analisando uma discussão inútil de um simples casal de namorados se não consigo sequer me manter firme frente a um filme que merece tanta atenção?” A conclusão? Meus lados infantil e sentimental ainda não desapareceram. Será que um dia desaparecerão?

Rosalva

28/10/10


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