quarta-feira, 5 de maio de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

Como toda grande família, a nossa não é diferente ...

(por Rosalva Rocha – 03/04/2010)

Inicio este texto esclarecendo que, quando o titulei, pensei na grande família Oliveira,

esta família que nasceu através do Vô Dodô e da Vó Rosalina.

Uma grande família com seus encantos, desencantos, intrigas, reencontros e tudo o que sempre tivemos direito até agora.

Alguns tios se foram e outros continuam para perpetuar as nossas histórias.

Somos ao todo 26 primos.

Muito embora a nossa infância tenha se passado de uma forma muito “unida”, sempre e sempre sob as orientações e eventos programados para nossa união, organizados pela vó, atualmente levamos nossas vidas mais separadas, cada um com suas famílias, suas preferências, seus caminhos ... mas há, sem sombra de dúvidas, um amor muito grande entre nós que, a meu ver, é a recompensa que, inconscientemente, proporcionamos à vó. Tudo é muito natural.

Mas dois primos se afastaram com o tempo, por motivos que, somente eles, quem sabe um dia, poderão explicar.

A história de hoje se refere a um deles que, segundo últimas notícias, atualmente reside em Minas Gerais. Chama-se João Batista e sempre foi chamado de Tista.

O Tista sempre foi o meu grande parceirão, a ponto de ter sido escolhido por mim para ser meu pagem quando fui Rainha do Carnaval Infantil no Clube Patrulhense e acompanhar-me como par-titular no meu Baile de Debutantes. Boas referências, não?

Sempre foi muito bonito e, quando nasceu o seu primeiro filho, fui convidada para batizá-lo – sinal de que a afinidade persistia entre nós. Mas, infelizmente, nem do meu afilhado tenho mais notícias.

Mas, tirando a sua decisão de afastamento, que respeito, deixo aquí registradas algumas travessuras que ele aprontava e que, sempre acabavam caindo na Pinheiro Machado.

Ele residia na casa nos fundos da nossa (hoje a casa da Viviane e do PTB).

Era louco por TV e o seu programa favorito o “Zorro”. O protagonista o instigava tanto que em um dia qualquer ele simplesmente subiu no galinheiro (sim, minha Tia Toni tinha um galinheiro nos fundos da casa), colocou uma capa preta e resolveu saltar ... obviamente que imaginando que “voaria”. Não deu outra: muitos cortes, muitos curativos, muitos dói-dóis e a promessa de que nunca mais faria algo parecido. Penso que se conscientizou de que ele literalmente não era o Zorro!

A sua imaginação era tão fértil que ele imaginava que tinha um pote de ouro entre o nosso terreno e o terreno da Dona Mercilda ... e para lá se dirigia todos os finais de tarde, cavocando sem parar, para desespero das duas senhoras.

Tomava Gardenal? Não sei! Talvez alguns remedinhos caseiros que o auxiliassem a parar de sonhar ... de se agitar ... de tirar as pessoas do prumo. E como as tirou!

E por onde andas Tista?

Por que te afastaste de todos?

Quantas risadas poderíamos dar se apareces de repente e retomasses com a capa preta ...

E, sabe-se lá, se não acharias o pote de ouro, só que com uma restrição: ele não mais seria teu; e sim da minha mãe e da Dona Mercilda que te aturaram nas tuas loucuras sem nunca ter se queixado, falando somente; “pobrezinho, esse menino tem problemas”.

A vida vai passando e a gente, mesmo sem perceber, vai crescendo espiritualmente e tendo certeza de que as “palavras têm força”.

Que elas cheguem a ti de alguma forma (mesmo que através de um passarinho com este texto no bico).

A família Oliveira continua a mesma e certamente te acolherá com muito carinho ... Mas certamente não te furtarás à resposta que muitos te farão:

- Continuas sonhando com o Zorro e o pote de ouro?

Nada, mas nada além disto!

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