domingo, 16 de maio de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

A CHAVE DA NOSSA CASA

(por Rosalva Rocha – 07/05/2010)

Nesta quinzena serei muito breve.

Nada de texto longo, nada de muitos detalhes.

Mas vale o registro de um detalhe:

- Por razões que até hoje desconheço, eu e minhas irmãs somente ganhamos 1 cópia da chave da nossa casa aos 21 anos.

Alguma estratégia da minha mãe? Não sei e, para ser franca, nunca questionei. Mas penso que, certamente, pelo fato da nossa casa ficar, na época, com a porta constantemente aberta – a chave não era utilizada durante o dia (obviamente que em tempos passados, quando as fechaduras das portas principais eram tão simples que podiam ser abertas por dentro e por fora sem qualquer problema, a exemplo das fechaduras internas utilizadas atualmente).

OK! Até aquí tudo certo. Decisão dela e ponto final!

Mas como agíamos nas noites em que o “Bar do Athayde” estava bombando? E que depois dele íamos direto amanhecer dançando no JIM2?

- Agíamos da seguinte forma: batíamos na janela do quarto dela (na época o quarto da frente) e lá vinha a Dona Nita toda “paramentada” com sua camisola meia-perna abrir a porta, sempre com o mesmo questionamento: “E daí, como foi a noite?” Sempre muito curiosa e parceira das filhas e das filhas das vizinhas nos segredos amorosos.

Mas lá pelas tantas meu pai adoeceu e ela passou a dedicar-se integralmente a ele, dormindo somente quando lhe era aberto um espaço. Já não era mais possível ser acordada a qualquer tempo para abrir uma simples porta para as filhas que chegavam quase sempre “estropiadas” (aquí vale um parêntese: as filhas não! Eu! A Goretti sempre se mostrou mais comportada).

E eis que em uma noite eu chego em casa e percebo um bilhete enorme, em folha branca, tamanho ofício, escrito com letras garrafais: “MINHA FILHA, A CHAVE ESTÁ DENTRO DO CONTADOR”.

Ladrões? Ah ... eu penso que eles não existiam naquela época.

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