domingo, 31 de julho de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha

A magia de “compartilhar”
(por Rosalva Rocha – 29/07/2011)


Considero mágico compartilhar coisas boas e, por esse motivo, valho-me deste espaço para falar um pouquinho sobre um Curso que fiz nesta semana com Affonso Romano de Sant´Anna, um dos nomes mais renomados atualmente na literatura brasileira. O tema central foi “O Amor na Poesia Brasileira”. Três manhãs delirando com os seus ensinamentos, encantada com o que estava aprendendo com esse homem sábio e simples ao mesmo tempo. E ouvir e aprender sobre o amor então? Há coisa melhor?
O Curso fez parte do Festival de Inverno promovido pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre, que acontece anualmente. Imperdível!
Por ser impossível citar, pelo menos a metade do que ouvi, arrisco-me a tecer, em tópicos, algumas citações por ele faladas que considero interessantíssimas para os apreciadores da literatura.
- A partir de 1850 começa uma cultura da “ambigüidade” – a cultura cristã começa a aparecer através da figura da Virgem Maria. Começam a falar de Maria, Vênus e Afrodite. A Maria (santa) e a Maria Madalena (prostituta). Forma-se uma equação, tendo a mulher como: Maria sobre Vênus e Afrodite.
- Chega então o positivismo (muito forte no RS), quando a “mulher é considerada superior porque se submete às vontades do homem” (Teixeira Mendes). O homem passa a ser produto de duas mulheres = a mãe e a mulher que escolheu. A desconstrução da imagem projetada pelo homem passou a ser a grande prova a ser vencida pela mulher.
- O homem começa a construir mitos até mesmo para lidar com a mulher menstruada. Como conviver com alguém que sangra?
- Na literatura romântica houve realmente uma ambigüidade muito grande – havia a mulher “comível” e a “mulher para casar”.
- Do século XVIII até 50/60 pode-se considerar a base de uma exposição de alucinação coletiva sobre o amor. E os leitores participaram dessa neurose.
a) a história do amor representa a repressão do desejo (é complementar);
b) a história da literatura é masculina (era!);
c) corpo do homem ausente – corpo da mulher presente;
- De 60 até agora, o corpo do homem começa a aparecer a partir de poetas mulheres.
- Cecília Meireles foi uma das precursoras da fala sobre o corpo feminino.
E, por fim, algumas citações que julguei extremamente interessantes para compartilhar:
- A história do amor é a história do medo, do medo da asfixia (um pouco da história do homem com a mãe);
- A história da literatura universal é de péssimos amantes – nada realizado quanto desejado;
- Culinária, comida e bebida sempre estiveram relacionadas ao amor;
Amor, amor & amor.
Para aprofundar-se há o livro CANIBALISMO AMOROSO, esgotado mas presente nas estantes virtuais. Conferirei – sugiro que confiram também.
Em tempo: Paralelamente ao Curso, participei do lançamento do Jornal PORTO POESIA na última terça-feira, jornal de poesias totalmente independente, editado em Porto Alegre e já distribuído para vários países. Na ocasião o Affonso Romano estava presente e referiu-se ao nosso estado como sendo o estado mais presente na literatura nacional. Segundo ele, “respiramos e fazemos cultura”.
Há algo melhor para ser ouvido?

Um comentário:

  1. Interessante tua desccrição sobre o aprendizado e o tema. Infelizmente não consegui comparecer como havíamos combinado.

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