sábado, 23 de janeiro de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

A PINHEIRO MACHADO E O MASSACRE DOS VIDROS
(Por Rosalva Rocha – 11/01/2010)

Como já citei inúmeras vezes neste blog, a Pinheiro Machado é uma rua atípica. Nela residiam e residem pessoas que sempre deixam suas marcas.
Este espaço é dedicado à família do Julio (já falecido) e Lea Bier, que, nos tempos da minha infância, vizinhavam ao lado da nossa casa, num chalé de madeira azul construído por eles, que posteriormente foi vendido para o Dico e a Rose e atualmente é de propriedade do André e da Aline (um casal que “adotou” Santo Antônio).
Como brincávamos a maior parte do tempo na rua, sempre buscávamos algo novo para fazer, e um dos nossos melhores momentos era quando o Julio puxava o seu violão e cantarolava sem parar para alegria dos nossos ouvidos, em frente ao seu chalé. Lá ficávamos nós sentadas ouvindo os seus acordes, que até hoje não sei se eram bons ou ruins. Penso que ele se inspirava na beleza da esposa, já que a Léa, até hoje, apesar da idade e das perdas sofridas nos últimos tempos, continua, na minha opinião, uma das mulheres mais bonitas de Santo Antônio.
O casal tem três filhos: a Ana Claudia, o Carlos Leandro (que sempre o chamamos de “Caleandro” e o Lissandro (um dos donos da noite da nossa cidade).
Os três eram mais novos que a minha “turma de meninas” e nem sempre se misturavam, o que passou a acontecer quando ficamos maiores. De minha parte há um carinho enorme por eles, especialmente pelos meninos, com quem me encontro mais frequentemente.
Mas a base deste texto tem por fim registrar a “capetice” que sempre tomou conta do corpo do Caleandro. Ele certamente tinha um “transtorno obsessivo compulsivo (TOC)” ao quebrar, com grande freqüência, os vidros das casas da vizinhança. Era algo incontrolável, penso que até prazeiroso para aquele lindo menino de largo sorriso. Nossos pais ficavam furiosos e lá saia o Julio ou a Léa para mandarem repor os vidros estilhaçados pelo filho. Mas o estranho é que nunca houve uma confusão ou briga nesse sentido. Nossos pais viam os seus vidros das casas quebrados, comunicavam os Bier e em seguida lá estavam os vidros recolocados.
Eu gostaria muito de ter contado, na época, quantos vidros o “capeta” quebrou, a tal ponto de até hoje ser lembrado por isto.
O tempo passou, ele cresceu e os vidros começaram a durar mais e, consequentemente, o Julio e a Léa a gastarem menos.
O menino de sorriso largo era o terror da rua, mas todos o amavam ... como o amam até hoje, mas sempre lembrando dos prejuízos por ele causados na sua infância.
Marcas que o tempo deixou ... e que, talvez, aproximou mais e mais o nosso bom humor, já que o Caleandro e o Lissandro são homens bem humorados e de bem com a vida.
A minha grande dúvida é sobre o transtorno obsessivo compulsivo, tão estudado pelos médicos atualmente. Tem cura? Será que interiormente o Caleandro ainda não tem aquele desejo incontrolável de quebrar vidros em momentos de grande euforia ou mesmo tristeza? Houve realmente uma cura ou a maturidade o fez entender que o prejuízo não compensava?
E mais: a lembrança desses episódios me foi passada pela Luciana Dapper, minha grande amiga e ainda “muitíssimo traumatizada como eu” pelo massacre dos vidros nas nossas casas.
Como este blog é mais do que democrático, obviamente a Cássia não se oporá à um direito de resposta e, por esse motivo, o Lissandro está sendo copiado.

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