segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

JUCA BORORÓ

(por Rosalva Rocha – 10/07/2010)



“Não encosta na parede,

Porque a parede solta pó,

A parede foi pintada,

Pelo Juca Bororó”


Esse foi um versinho que aprendi quando criança e que até hoje não esqueci.

Casualmente este texto tem alguma ligação com o texto anteriormente postado, intitulado “Saudades da Veínha”.

E por quê?

Porque o Juca Bororó foi genro da Veínha, casado com a Roberta.

Era o pintor oficial da cidade nos tempos em que a mistura de tinta com cal era muito utilizada e, especialmente por ele, que saia de nossas casas, quando contratado para algum serviço, totalmente “empipocado de branco” e nossas mães remoídas e enlouquecidas com tanto pó por todos os lados.

Assim era o Juca Bororó, figura lendária na cidade, bem-quista e que contava com um enorme abcesso no pescoço que, analisando agora, certamente nunca foi diagnosticado.

Considerando uma análise com base nos profissionais atuais na sua área, contava com uma paciência (para não falar “lerdeza”) de tirar qualquer um do sério.

Um trabalho com previsão para 1 semana poderia ser facilmente finalizado em 1 mês ... Mas ele tinha trabalho e, quando era contratado, lá vinha o homem que sairia “empipocado de branco”. Sim! Porque não lembro de qualquer parede que ele tenha pintado que não tenha sido na cor branca. E vejam que naquela época os cômodos eram pintados com cores fortes e distintas, a exemplo do que se vê atualmente. Tudo retorna como a asa do vento ...

Minha mãe recorda que ele “marcava ponto” na esquina da Rua Maurício Cardoso com a Marechal Floriano e era no ponto que ele pegava os trabalhos, dentro de um cronograma que só ele sabia fazer ... E que só a população patrulhense conseguia acreditar.

Na época, os rolos de pintura não eram utilizados e ele entrava nas nossas casas com uma enorme brocha (uma somente), utilizada para pintar as paredes e contornar os arremates. Como? Não sei! O que eu sei é que ele estava sempre envolvido e “empipocado” e, mesmo diante do desespero dos contratantes, nunca ouvi nada que o desabonasse. Sim! A “era do cliente” não tinha se aberto ainda e tudo era válido.

Certamente muita água era misturada ao cal, pois as nossas paredes eram pintadas com uma freqüência assustadora.

Não seria o Juca Bororó um bom estrategista?

Fica a pergunta para os leitores.

Um comentário:

  1. Belíssima lembrança Vava!!!O "Juca Bororó" faz parte de nossa história!! Lembras que quando passávamos por ele, todas juntas, cantávamos sua música? Mas pergunto:- Qual de nós compôs a canção? Certamente não fostes tu, pois sempre fostes muito correta nas brincadeiras, sempre muito responsável!! Com exceção de algumas, é claro!! rsrsrs

    ResponderExcluir