terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tropeços satisfeitos

O mês de agosto termina, mas o assunto que o dominou não: vamos novamente falar de Moenda.
Bem, não exatamente sobre a Moenda, mas quero usar um exemplo ocorrido nessa edição do Festival para ilustrar uma frase que repito quando alguém me pergunta por que estou sempre 'numa boa' - o que não é verdade -, ou se admira porque não espero elogios quando faço um bom trabalho: porque aprendi que é importante fazermos cada pequena coisa da melhor maneira possível, mas que a principal meta deve ser a própria satisfação pelo trabalho bem feito.
Pois a grande vencedora da 24ª Moenda da Canção: "Elétrica", interpretada pelo seu autor, Érlon Péricles, que não conheço pessoalmente, me inspirou este post pela invariável expressão que percebo cada vez que vejo esse guri no palco. Ele canta com satisfação.
Justamente por não conhecê-lo, talvez me engane o motivo daquele sorriso. Mas sabendo um pouco do seu trabalho, escutando comentários de quem o conhece e, passada a Moenda, os elogios de quem apesar de estranhar o estilo ou o ritmo, ou mesmo não gostar da música, considerou-a bem feita e merecedora do prêmio, prefiro acreditar que estou certa.
Apenas quem faz um trabalho com capricho, dedicação e concentração pode se apresentar certo do sucesso. Não falo de classificação, promoção ou vitória. O sucesso que aos meus olhos sobe naquele palco veio junto de casa, e vai acompanhá-lo sempre.
Conosco, mesmo quem não trabalha em segmentos tão prazerosos como os músicos, funciona do mesmo jeito: trabalho suado, feito com garra e preparação já deu resultado ainda que em segundos seja engavetado e eternamente esquecido. Só falta nos darmos conta disto, pois somos 'programados' para produzir e exibir nossos projetos, aguardando os aplausos da multidão, num mundo em que as pessoas não olham nem para sua imagem refletida no espelho. O resultado? frustração, desânimo e por ai se vão todas as outras desgraças dos tempos modernos.
Não é a receita da felicidade, tampouco uma garantia de que não cometeremos erros. Mas se tudo acontecer da pior maneira possível, você já teve o seu momento de glória, e isso não se desfaz. Também não é algo que aconteça automaticamente, precisa de treino, leva tempo, uns dias é mais fácil que noutros, a gente fraqueja, e demanda uma cara-de-pau espetacular. Algumas vezes parece egoísmo, outras presunção. Na vigésima vez já parece óbvio, e 'daí por diante' é só aperfeiçoar, pois o prazer de um trabalho bem feito dá vontade de fazer o próximo melhor ainda.
E o perfeccionismo? Garanto que uma cara-de-pau bem treinada e satisfeita atrai semelhantes, que se encarregarão de puxar o freio quando a coisa estiver no ponto, ou de dar os toques finais pra que chegue lá. Que o digam o Pirisca e aquela cia. ilimitada com quem o Érlon se apresentou neste agosto. Pra mim, nota dez!

E eu? Também me preparo bastante. Mas agora só quero dizer que a Elétrica era a minha favorita desde que conhecemos as 18 classificadas, 'E UM ABRAÇO PROS GAITERO!'.

- Cássia -

2 comentários:

  1. Como sempre, mais do que providencial o teu post. Há uma satisfação enorme qdo fazemos um trabalho com o coração, bem feito e não esperando glórias. A glória já está alí! Dentro da gente e a satisfação é algo indescritível. Parabéns ao Insônias e a oportunidade que me deu em reviver tão belas passagens da minha vida, "sem medo de ser feliz" ... Bjs Cássia, tu estás, sem dúvida, fazendo a tua e a nossa história.

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  2. Então um viva! a nós que não esperamos glórias, mas aceitamos com carinho e simplicidade os elogios, e o que mais vier é conseqüência...

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