quarta-feira, 30 de março de 2011

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Aonde fomos parar?
(por Rosalva Rocha – 03/03/2011)

Algumas mudanças me fazem pensar muito, especialmente aquelas que afetam o sentimento das pessoas.
Atualmente algo me intriga: a ausência de contatos, a ausência de telefonemas, a ausência de carinho. Parece que tudo ficou “mecânico”, restringindo-se a contatos em datas marcadas, para “não se passar em branco”. Lê-se fartamente sobre as relações, as famílias, os casamentos que, com o passar do tempo, perderam o seu significado. Mas será que perderam mesmo? Com toda a briga interna que faço comigo mesma para acompanhar as mudanças e jamais deixar de entendê-las como um “ciclo”, algo me incomoda. A tecnologia facilitou as nossas vidas em tudo (isto não dá para negar), mas afastou o contato físico, a voz, os bilhetes, as cartas manuscritas e, na minha opinião, tudo isto é uma perda lastimável. Marcamos os nossos almoços, tiramos as nossas dúvidas, expomos as nossas alegrias, as nossas tristezas – tudo por e-mail. E as Redes Sociais então? Na semana retrasada assistí à uma Palestra proferida pelo Arthur Bender que, lá pelo meio, uma frase me tocou: “as Redes Sociais nada mais são do que um compartilhamento da solidão”. Sim! Compartilhamos a nossa solidão através delas. E, em muitos casos, passam a ser utilizadas de forma ridícula quando a pessoa expõe determinados assuntos para uma rede imensa quando, na verdade, deveria expô-los para seus verdadeiros amigos, para a sua família. E daí chega aquela enxurrada de besteiras que não dá para negar que irrita. Falar, procurar, sentar, tomar um chimarrão para uma prosa é difícil; mas escrever em rede é fácil. Contraditório prá mim! Curte-se o que os outros escrevem sem ao menos comentar o porquê da curtição. E não raras vezes se encontra citações lindíssimas de autores consagrados expostas em profiles de pessoas que sabemos, nem saberem quem é o autor. Fica engraçado! Tudo numa profusão de teclas sendo usadas de forma desordenada e abrindo um leque  para todo e qualquer tipo de intepretação. E as fotos então? A grande maioria demonstra felicidade, está malhado, com roupas bonitas = mundo perfeito, tão perfeito que o computador passou a ser o melhor amigo, o mais cúmplice, o mais próximo.  Não raras vezes farpas são jorradas, denúncias são feitas, fakes são criados sem o menor pudor. Não seria a hora de repensarmos tudo isto para não nos arrependermos futuramente de termos perdido o que há de mais precioso nas nossas vidas? O contato físico, as visitas, os chimarrões despretensiosos, as caminhadas em grupo – claro! não deixando de lado a tecnologia que nos apóia atualmente.

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