segunda-feira, 21 de março de 2011

Mais ao Sul - por Christian Davesac

O neto de Maomé

E se deu buena a morcilha, de certo o sangue era bom,
Pois quem tempera sua trilha, hão de lembrá-lo por Dom

Nem mesmo o soar das trombetas, nem talvez a estrela de Davi ou a do PT, possam explicar a passagem do neto do profeta pelos saguões do planalto.
A euro-descendente, presidente Dilma Roussef, de vermelho sob uma echarpe insinuante africano, e o primeiro presidente afro-americano da maior nação semita fora de Israel, Barack Obama, nascido numa ilha ocupada do Pacífico, criado pela mãe e o padrasto na Indonésia, a maior nação islâmica, e filho de um queniano, com trajes rigorosamente ocidentais.
Paradoxalmente, a ex-guerrilheira, uma bandeira contra a ditadura militar apoiada pelos EUA, receber o mais importante chefe de estado mundial, prêmio Nobel da paz 2009, me faz pensar que o mundo ainda tem jeito. A truculência de mãos dadas com o civismo.
Mas as ações, tratados e demais consequências desta fabulosa visita é inerente diante a humildade e quem sabe transparência do nosso hóspede. Obama em seu discurso ao povo, da uma bajulada do início ao fim, mas enfim, como advogado, protagonizou a mais brilhante tarefa da humildade humana ao nos brindar com o reconhecimento público a propriedade intelectual.
No início ele diz: Vocês são como o cantor Jorge Benjor diz, “Um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”...
E ao final: ...por isso acreditamos nas palavras de Paulo Coelho, um de seus mais famosos escritores que “com a força de nosso amor e nossa vontade podemos mudar o nosso destino e também o destino de muitos outros” (As Valquírias)... Talvez não tenha sido ele quem escreveu o discurso, mas com certeza, ele concordou com o que disse.
Salve Obama e os bons modos, “sim, nós podemos” (B.O.), pensem nisso e se alguém se perguntar por que não citei o autor da frase que referencia o texto, não há necessidade, as frases são fragmentos que compõe um poema meu.

Se acaso o rio virar areia não encontrando a laguna,
É que afogou-se na poeira, sem ir a parte nenhuma”

Christian Davesac, Rincão das Corticeiras, 21 de março de 2011

Um comentário:

  1. Macanudo!

    De garrão rachado à cola fina o cara é bala.

    Parabéns.

    Joelson

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