BAÚ
Por vezes visito o lugar silencioso do peito onde guardo as lembranças.
Nem sempre sei ao certo o que procuro, tampouco porque acabei indo buscá-las, apenas sou levada para lá, como uma rajada de vento leva as folhas que nesta semana caíram do Ipê.
Encontro uma bonita música, o poema antigo de um amigo, e com esses guardados estão também momentos que me foram caros e que não voltam mais.
Aos poucos a dúvida sobre o que fui procurar se desfaz.
Já não é importante procurar razões, só estar junto aos meus fantasmas me basta.
São boa companhia e também se sentem felizes com minha visita.
Nem sempre são boas recordações, mas voltar lá me fascina.
E a cada vez que retorno, me refaço em meio a estes esquecimentos.
Ali me perdôo dos primeiros erros, e acho forças para enfrentar os medos que a cada dia se apresentam.
Nesse baú que trago escondido no coração, há lugar pra tudo e todos.
Nele são imortais os que se foram, estão mais próximos e, com eles, sou melhor.
É ali dentro que me permito não ter limites, e me descubro.
E quando o fecho e volto a mim, sei que poderei voltar sempre que preciso, pois ele, com carinho me aguarda.
- Cássia Message -
publicado originalmente no blog do GLP, na coluna "Biscoitos"
Humm ... e há algo melhor do que o nosso baú? Quem não o descobriu que saia correndo agora para descobrí-lo intimamente. Verdadeira e terna crônica. Bjs,
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