Semana Farroupilha
E novamente chega setembro! Eu tenho um carinho por esse mês... os dias ficam maiores, aguardo ansiosa a entrada da primavera no 22 e o temporal de setembro, São Miguel, lá pela volta do 29. Não é a despedida das invernias que agrada, gosto do frio e da calmaria do inverno, mas quem pegou a lancha de São José do Norte pelo menos uma vez na vida, entende a importância de um tempo bom!
Também tem o 20 de setembro. As festividades gaúchas, para mim, nunca se resumiram a uma semana, pois a batalha farrapa no Norte aconteceu dia 16 de julho, sempre muito comemorada por lá, que emenda com a expointer em agosto que se estende até 20 de setembro.
Para alguns o espírito gaúcho revive em julho, pra outros só em setembro mesmo e pra muitos simplesmente não morre, embora afrouxe um pouco em fevereiro, quando a praia nos liberta até pra ensaiar um lá,lá, “leithon”...
Independente do que se faça durante os outros meses, setembro é guardado pra ressuscitar um regionalismo muitas vezes infundado. Quantos reverenciam os Farroupilhas e são tetranetos de imperiais; que concordam com uma guerra motivada pela injusta tributação do charque e são descendentes dos lanceiros negros, que só deram o sangue e a vida para serem alforriados.
Confesso que para sair em defesa de Bento Gonçalves e atacar Soares de Paiva eu precisava de mais um tempo de estudo, mas reconheço que essa revolução, que durou 10 anos, conseguiu à época e perpetua-se até hoje, unir os gaúchos. E mesmo que seja por uma semana, é esse sentimento de igualdade que nos faz um povo forte e muito parecido, apesar de tanta diferença.
Para nós não importa se as horas são vistas pelo sol, pelo relógio da igreja ou pelo celular via internet; se no ipod tem Lady Gaga, no carro tem Soledad, no 4 em 1 ouve-se Pedro Ortaça ou se o radinho de pilha permanece na estação que só toca Teixerinha; independente se no armário tem mais terninhos, calças saruel ou bombachitas, que aquecem no inverno e esfriam no verão.
O principal é que não suportamos a promiscuidade dos bailes funks, nos chocamos com a vulgaridade das mulheres frutas e respondemos ao preconceito da imprensa esportiva do Brasil produzindo, a ponto de fazê-los tirar um técnico daqui e colocarem outro gaúcho no comando da sua seleção.
Não importa onde se está, na campanha, serra, litoral, fronteira ou região metropolitana. Quem não planta e colhe nos bons campos sulistas, ou não acorda com o canto do galo, não mira mais adiante do alto de um cavalo bem encilhado nem assiste a parição das ovelhas, provavelmente estique aramados, construa mata-burros, muros, casas e prédios ou manejam ceifas, tratores, computadores e outros instrumentos, que curam feridas, sustentam a justiça e vendem os produtos gaúchos. E todos, indistintamente, o consomem.
É somente uma semana no ano que nos damos conta de que somos iguais, mas privilegiadamente temos essa semana pra desencilhar os cavalos e os preconceitos, e é essa semana que nos fortalece a defendermos uns aos outros apenas pela geografia.
Acho que valores são mais fáceis de construir do que manter, por isso peleamos todos os dias para dar continuidade à herança que nos foi deixada, de coragem, identidade, cultura e honra. Se não nos posicionamos sobre história, mas lutamos para defender esse legado, então que sirva essa façanha de modelo a toda terra.
- Josi Borges -
Lindo texto Josi. Modelo, muito modelo à toda a terra! Bjs,
ResponderExcluirValeu Josi. Lindo demais.
ResponderExcluirE, momentaneamene, aqui do Rio esgo a cuia num lindo mate para te brindar. Macanudo!
bjs. tio Joelson