segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Memórias da Pinheiro por Rosalva Rocha

O “interromper” de um ciclo

(por Rosalva Rocha – 13/10/10)


Justamente no dia do meu aniversário no ano passado “ousei” escrever a primeira crônica para este blog. Simplesmente escrevi porque fiquei muito feliz em tomar conhecimento de um espaço dedicado à Pinheiro Machado , uma rua tão especial prá mim.

Jamais imaginei que teria continuidade, mas teve! E aconteceu graças à abertura que me foi dada pela Cássia e também pelas memórias que, aos poucos, foram surgindo do meu tempo de infância e adolescência nesta rua.

Foram postadas 25 crônicas e 1 homenagem e esses números me deixam muito feliz. Feliz porque conseguí deixar registradas histórias um tanto incomuns, mas todas verdadeiras, sem personagens fictícios ou mesmo “bordadas com pedrarias e rendas” para deixar os textos mais estéticos. Foram crônicas limpas! Algumas simplórias demais, outras engraçadas; outras um tanto nostálgicas e assim por diante. Mas estão aqui. E isto é o que importa!

Mas a minha memória se esvaiu ... e já não tenho mais o que contar sobre a Pinheiro que, pelo menos, extraia alguma curiosidade do leitor relativa àquela época.

Por essa razão, esta é a última crônica do espaço MEMÓRIAS DA PINHEIRO, esperando que um novo espaço me seja aberto para que eu continue colaborando com este blog, que é um dos meus prazeres. Mas, sabe-se lá se mais adiante não retornará um MEMÓRIAS DA PINHEIRO II? Uma incógnita!

O que pela minha cabeça passou ficou registrado e algumas curiosidades deixo aqui postadas, justamente para fazer um fechamento do que foi a minha vida até o ano de 1977 nesta rua. E esse fechamento, a meu ver, servirá como reflexão de como tudo mudou e continua mudando ... E nós (a grande maioria) continuamos aqui, batalhando, muitas vezes “matando cachorros a gritos”, nos envolvendo em inúmeras atividades, vivendo ... Muitos de nós já carregam meio-século nos ombros, mas isto não é sentido, pois sabemos que ainda temos muito caminho pela frente e muito por fazer - e com muito prazer!

Curiosidades:

- Somente aos 8 anos de idade fui assistir à uma TV em casa. E pasmem: era de 2ª. mão e preto & branco;

- Não convivi, nesse período, com telefone fixo em casa. Isto aconteceu depois que saí daqui – Celular? Nem falo nisto. Nossos encontros eram realizados verbalmente e tudo sempre saia da forma idealizada, fato que, atualmente, considero praticamente impossível. Penso que éramos mais responsáveis naquela época;

- Assistia aos “Eremitas” porque meu pai era “ludibriado” por minha prima Jussara, alegando que precisava de um “chá de pêra” para as matinés de domingo no Centro Clube;

- Na áurea fase da ditadura eu nem sabia o que era o DOPS – só tinha medo dos camburões que passavam e muito menos entendia o porquê que os meus pais sempre recusavam que eu participasse do Grêmio Estudantil do colégio;

- Não sabia que eu não podia falar mal do governo. E nem falava, pois de política não entendia nada (como não entendo até hoje e não tenho pretensão alguma de entender, dadas as circunstâncias que venho vivendo);

- A música “Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, na época, nunca me soou duplo sentido;

- Era uma menina travessa mas estudiosa, inteligente em algumas matérias e extremamente limitada em outras. Sou do tempo da alfabetização com o livrinho do Olavo e da Elida. Construtivismo? Nem imaginava que este método apareceria mais tarde;

- Fui da última turma do ginásio e não fiz admissão e, para a surpresa de muitos, da 1ª. turma de Auxiliar de Escritório no Colégio Santa Teresinha;

- Sou do tempo em que ter “amigos correspondentes” era o máximo. E tive vários! O sabor de receber uma carta de um “amigo que eu não conhecia pessoalmente” era algo indescritível – infelizmente coisas que não acontecem mais;

- Na adolescência, já delirava pelo Paulo Ricardo do RPM;

- Freqüentava o Bar do Ataíde todos os sábados e de lá sempre saia com os amigos para uma façanha literalmente “inventada”. Ah! como inventávamos e reinventávamos a nossa vida!

Posso garantir que eu não imaginava o que estava por vir. Minha vida tinha sido traçada de tal forma que absolutamente nada dentro dela, mas nada mesmo, seria mudado. E foi! E como foi! Meu rumo tomou diversas formas, minhas vontades e ideais também e, sobretudo, meus sonhos. Aquilo que, na época, era muito importante, com o passar do tempo passou a ser irrelevante e o meu caminho foi fluindo.

Como estou no meio da caminhada, espero sinceramente que as próximas estradas me reservem algo similar: muitos encantos guardados na minha alma e, para contrabalancear e me fazer crescer, alguns desencantos. Mas nenhum deles que me faça cair, porque ainda quero construir muito.

Finalizando, agradeço de coração a todas as pessoas que passearam pelas crônicas e que de alguma forma sentiram o perfume da Pinheiro no ar ...

Às “meninas & meninos – homens & mulheres (todos os protagonistas), a certeza de que fizeram parte integrante do que sou hoje - não um modelo de mulher, mas um modelo de quem busca a felicidade nas pequenas coisas e sabe, sobretudo, que nada é construído de forma isolada. Que continuemos unidos, mesmo que na grande maioria do tempo, muito separados fisicamente. Infelizmente!

6 comentários:

  1. Rosalva, não gostei da primeira parte dessa crônica! Esperava no twitter a nota da Cássia sobre velhas novidades da Pinheiro Machado! Tenho certeza que ainda tem muito por vir. Vou esperar o segundo ciclo! Bjs

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  2. Espere Josi. Como descrito, sabe-se lá se não virá um Memórias da Pinheiro II? Mas para isto precisamos viver mais um pouco para fazermos mais história ... rsrs. Mas não abandonarei o blog não. Estamos pensando em outro tema. Obrigada, como sempre, pelo carinho.

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  3. Querida! Adoraria que escrevesses algo para o meu blog também. Se quiseres, fica à vontade para contares o que quiseres, ou algo contado por uma amiga. Abração! Marília (do chima em Farroupilha)

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  4. Será um prazer Marília. Em breve te encaminharei algum texto. Bjs,

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  5. Me desculpa a demora, mas espero que leias. Não sabe como me emocionou esta crônica. Principalmente no tópico sobre as correspondências. Esses dias lembrei dos papeis de carta que eu colecionava. Alias custei pra lembrar o nome, tanto as coisas mudaram. Mas sempre que posso escrevo carta pras minhas amigas. Tem um encanto diferente. Tu escreves tão bem, espero que surjam novas oportunidades por aqui. Tudo em ti contagia, Rosalva. Beijão! Andrea.

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  6. Oh minha querida! Tu sempre me acompanhando, mesmo que à distância. Isto me faz um bem enorme. A Cassia (idealizadora, desenvolvedora e administradora do site) sempre me passa qquer comentário e este me fez pensar q tudo está mudando mto rapidamente mesmo. Imagine q vc, tão mais nova, tb sente falta de coisas q fizeram parte das nossas vidas e deixaram saudades. Mas q bom que q sentimos, né? Bjão e obrigada por visitares o Insônias ... aquí sempre tem coisa legal e, como eu já falei, "baterá todos os records de acesso" em pouco tempo ... rsrs - coisa de patrulhense, tu sabes como é! rsrs

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