quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Tropeços solitários

Há alguns anos saí da casa dos meus pais para procurar um lugar pra chamar de meu. Assim cheguei a Pinheiro Machado e às intermináveis noites insones.

Hoje, retorno pra casa depois de dez dias hospedada na casa da minha mãe, coisa que ainda não tinha feito desde a mudança.

E me sinto como se a vida simplesmente tivesse parado durante esse tempo. Ao menos como a conheço agora.

Dormi e acordei muito cedo todos os dias. Tomei café da manhã, quase nenhum café preto e apenas um chimarrão – vícios que cultivo com devoção.

Computador? Apenas o necessário para deixar as contas e as correspondências urgentes em dia.

Livros? Filmes? Trabalho? Nada.

Foram bons dias junto com minha mãe, apesar de motivados por uma dolorosa perda.

Estava na casa onde cresci, onde me sinto querida e acolhida.

Mas é maravilhoso estar em casa.

Este lugar pequeno tem meu cheiro, meus sons, minha história adulta.

Meu jardim, as bromélias e as orquídeas.

Meus livros, pela metade, por começar, quase no fim, espalhados por toda a casa.

Minha solidão, companheira silenciosa e amiga fiel, à minha espera já no portão.

Neste lugar estão guardados minhas emoções, minhas idéias, inestimáveis tesouros.

Egoísmo, individualismo? Talvez.

Mas não sou chegada a rótulos e definições. Tampouco reprimo meus sentimentos por conta de convenções que não me comportam.

É nesse canto que sou livre, mesmo entre paredes de concreto.

E onde encontro inspiração, conforto e coragem pra dividir estes meus tropeços.

Um comentário:

  1. É ... nada é igual ao cantinho da gente. Um bom retorno Cassia! Bjs, Rosalva

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