sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Capítulos da Josi - Moenda

Moenda


Retorno a este blog justamente quando voltei a SAP e, coincidentemente, no final de semana da Moenda.

Acredito que ainda dá tempo de registrar minha visão sobre este festival que movimenta a cidade todos os anos.

Acho que minha opinião tem credibilidade porque não faço parte dos “moendeiros”, aqueles que falam apaixonadamente e só por isso são suspeitos. Ao contrário, foi a primeira vez que assisti à Moenda. Não por falta de insistentes convites do Tio Joelson (Moendeiro apaixonado), mas por pura falta de oportunidade.

Fui ao evento despida do preconceito dos tradicionalistas, os quais julgam que festival gaúcho é nativista ou não é festival gaúcho. Confesso que isso sempre esteve enraizado em mim.

Saí encantada!

A Moenda é um festival gaúcho sim. Ouvi milongas, assisti a danças folclóricas gaúchas e aprendi sobre o tradicionalista Paixão Cortes (Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre 2010), que nem os meus quase 14 anos de invernada artística e muito estudo como primeira prenda me ensinaram.

A Moenda é gaúcha porque vi a vibração, a receptividade e o calor humano para os artistas locais da mesma forma estendida aos forasteiros e, aos já queridos pelos patrulhenses, artistas do sul que sempre comparecem. Não há distinção, nem por região nem por gosto, todos recebiam merecidos aplausos pelo trabalho que os levou até aquele palco. Hospitalidade típica de gaúchos.

E falando em artistas locais, que coisa mais linda foi o Santo Antonio canta Moenda.

Imediatamente me familiarizei com tudo; e isso não se resume aos amigos e parentes que estavam nas cadeiras, mesas e arquibancadas do ginásio, nem com o domínio do sotaque “extremosulista” do Cristiano Quevedo e do Tholl, que me soam tão bem aos ouvidos e matam a saudade, mas curti como se já tivesse vivido tudo aquilo outros 23 anos. E no domingo tive a mesma sensação que tantos moendeiros manifestam: “podia ter mais um dia”.

E acreditem, essa tradicionalista, assumida em algumas linha acima, escolheu como sua música preferida A lágrima do palhaço, cantada com o pitoresco português pernambucano.

Poderia apresentar críticas, não existe nada perfeito quando se lida com gente, aliás com público, mas tudo isso se coloca na Moenda pra que saia com o bagaço da cana, enquanto, demoradamente, durante 11 meses, sorveremos tudo o que ficou de bom na mais pura e doce guarapa.

- Josi Borges -

4 comentários:

  1. Fico feliz que tenhas gostado tb. Josi. Eu tb aprecio muito a Moenda, especialmente pq ela contempla de tudo ... e não gosto, sinceramente, de "regras muito duras". Eu escolhí "Cabeça" - uma linda poesia cantada. O teu texto me fez pensar que realmente ela podia ter continuado por mais um tempinho ... gostinho de "quero mais". Grande beijo,

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  2. Oi Josi.
    Fiquei feliz em ler o teu post sobre a Moenda. Que bom tomar conhecimento do teu pensamento. Será mais um a pensar que a Moenda, acima de pequenas querelas nos dá a cada ano uma contribuição enorme para a cultura de todos nós. É por isso que amamos a Moenda. E, não esqueces, o convite já está feito para o ano que vem.
    beijos, tio Joelson

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  3. Oi Josi, tudo bem? Tomei a liberdade de me manifestar perante o texto que postastes no blog, opiniões à parte, não temos a mesma, e nem temos a obrigação de tê-la, mas, não posso deixar de discordar que a moenda não faz distinção, no momento que se institui que a ajuda de custo para "forasteiros" é maior, está explícita a distinção e a preferência, isso faz parte do regulamento, e independente de gosto ou qualidade eu respeito, como já disse anteriormente, mas, ainda bem que cada um tem o seu... Abraço
    Christian Davesac
    Rincão das Corticeiras
    06 de setembro de 2010

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  4. Josi e Christian.
    Acho que este assunto ainda rende.
    Mas sei que temos uma coisa em comum: amamos nosso Estado e sua tradição, mesmo sob diferentes perspectivas.
    Quando à ajuda de custo, será que os de fora não tem realmente mais gasto para chegar até aqui, trazer os músicos que o acompanham, hospedar-se e alimentar-se?
    Os 'nossos' na maioria das vezes tem onde ficar e comer, já tocaram juntos pelo estado e não precisam trazer todos os músicos, que se revezam nas apresentações... talvez seja necessário tratar com desigualdade os desiguais...
    Abraço grande aos dois.

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