quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Festividades de Final de Ano
(por Rosalva Rocha – 061210)

Não sou muito afeita à festividades de final de ano.
Sempre algumas questões me vêem à cabeça, especialmente aquelas que martelam mais fundo, a exemplo do verdadeiro significado da passagem do Natal e do Ano Novo.
Mas, por outro lado, procuro me distanciar de quaisquer divagações frente aos que idolatram essas datas e acabam, especialmente no Natal, promovendo uma verdadeira orgia em compras, o que considero uma compensação ao que não foi realizado no decorrer do ano. Mas isto é uma interpretação minha, talvez um tanto preconceituosa.
Presente eu dou na hora certa, quando penso que é significativo, quando quero me manifestar de uma forma terna e especial.
Pois bem, neste ano resolvi não colocar absolutamente nenhum enfeite de natal no meu apartamento. Dos áureos tempos em que eu ornamentava o meu ninho com uma linda árvore com bolinhas bordadas de ponto-cruz, fitas diversas, luzes e até mesmo um presépio, atualmente tenho guardada somente uma guirlanda para a porta da entrada e algumas flôres de natal para colocação em um vaso.
A decisão estava tomada. Neste ano nada! Pensei em seguir, pela primeira vez, o que o meu coração mandava nesta época do ano.
E, justamente na manhã de hoje saí para fazer um depósito bancário. Manhã linda, sol no meu rosto e eu caminhando por entre as ruas, contemplando os edifícios, as casas e as pessoas que passavam por mim.
Eis que de repente, passando pela Rua Fabrício Pillar, me deparo com um homem gordo, mal vestido mas extremamente sorridente, clamando à sua esposa para que abrisse o portão de uma casa muito simples de madeira, desbotada, tinta descascada, sem jardim, sem vida. Olhei prá ela e, eis que de repente, conseguí enxergar brilho. E o brilho vinha de lindas bolas coloridas que ornavam a guirlanda presa na porta. E o sol deixava-as mais brilhantes ainda.
Confesso que parei para olhar tamanha beleza.
Minha cabeça girou ... Um lar aparentemente tão pobre tinha tido o cuidado de demonstrar a sua devoção ao Natal.
A partir dalí meus passos foram mais rápidos.
Cheguei no meu ninho, peguei uma pequena escada e, da última prateleira do meu armário, retirei a minha guirlanda e as flôres de Natal.
Algumas flôres estavam despregadas e logo apanhei uma cola quente para compô-las. Ficou linda! Dependurei-a com fio de nylon na minha porta. Olhei e gostei do resultado.
As flores restantes foram colocadas em um vaso de vidro que servirão de adorno para uma mesa que farei amanhã no jantar com algumas amigas.
Aquela casa! Ah! Aquela casa mudou tudo.
Mesmo que de forma discreta, não deixarei passar as Festividades de Final de Ano em vão.
As questões continuarão as mesmas, mas devotarei esta data justamente da forma como penso que deve ser encarada: com brilho e energia no meu coração.

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