Joelson Machado de Oliveira
Misericórdia !
Acode Otília, a Dora caiu
espatifou-se no chão.
A sombra das laranjeiras
já quase encostava nas casas
crianças de anjo, de camisolão.
Festa da padroeira,
céu lindo, vento quente, cálido,
bandeirolas azuis e branco.
Costume de tropical
Dora era só olho,
vestido de florão, bem franco.
Mesas compridas, toalha de papel
cheiro de churrasco,
telegrama de namoro.
Branca que nem uma cera,
cadeia para prender os rapazes
de um lado a barulheira, do outro só choro.
Fatiota de casimira
na tarde, depois do almoço
tinha a procissão da fé.
Levaram o corpo num carro
a banda começou o toque do baile
pudera, Dora já estava morta em pé.
Vejam se essa figura não nos traz um palavreado fantástico. O cara tem o dom das palavras e, ainda por cima, aflora até mesmo as "fatiotas de casimira". Ah que saudades do meu pai com as suas fatiotas (de casimira, é claro!).
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