quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Foi dia destes

Lá se vai mais um ano. E pra última postagem deste 2010, os merecidos parabéns a dois novos amigos virtuais: pros versos de Christian Davesac, com música de Roberto Borges, "Foi dia destes", primeiro lugar, melhor letra e melhor arranjo na XIII Jerra da Canção de Santa Vitória do Palmar.
Um brinde e obrigada a todos que escreveram, leram, opinaram, criticaram e curtiram o Insônias, e que a internet possa estreitar cada vez mais os laços das grandes amizades que construímos neste blog.
Feliz 2011 para nós!


Foi dia destes.


Foi dia destes na cancela ouvindo o campo

Que andei pensando muy cismado de andejar
Vi meus passados pura cepa da minha gente
Junto à nascente colhendo jujos e butiás.



Perto do rancho um João de barro costumeiro
Cantava doce sob um céu de corunilha
Hoje o espelho da cacimba em seu silêncio
Guarda o incenso jasmineiro da capilha.



Nem mesmo o inverno que remoça a cada ano

Conhece os planos do Gonçalo até o Chuí
Mas sendo a Pátria minha noiva em cada enchente
Retorno sempre com mais flores para ti.



Foi dia destes que o meu mate acordou cedo

Olhou pro campo solitário e se calou
Viu que a estrada mesmo antiga ainda é a mesma
E sempre aguarda o que a infância já sonhou



Se até a alma viajeira dos Arminhos
Aquerenciou-se nas lagoas no Taim
Bebeu do apojo das manhãs da minha terra
Que por tão bela não cabe dentro de mim.

No blog do Roberto Borges - http://suldeborges.blogspot.com/ as fotos e o player para escutar esta belíssima composição.
Até o ano que vem e um abraço!

- Cássia - 

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Festividades de Final de Ano
(por Rosalva Rocha – 061210)

Não sou muito afeita à festividades de final de ano.
Sempre algumas questões me vêem à cabeça, especialmente aquelas que martelam mais fundo, a exemplo do verdadeiro significado da passagem do Natal e do Ano Novo.
Mas, por outro lado, procuro me distanciar de quaisquer divagações frente aos que idolatram essas datas e acabam, especialmente no Natal, promovendo uma verdadeira orgia em compras, o que considero uma compensação ao que não foi realizado no decorrer do ano. Mas isto é uma interpretação minha, talvez um tanto preconceituosa.
Presente eu dou na hora certa, quando penso que é significativo, quando quero me manifestar de uma forma terna e especial.
Pois bem, neste ano resolvi não colocar absolutamente nenhum enfeite de natal no meu apartamento. Dos áureos tempos em que eu ornamentava o meu ninho com uma linda árvore com bolinhas bordadas de ponto-cruz, fitas diversas, luzes e até mesmo um presépio, atualmente tenho guardada somente uma guirlanda para a porta da entrada e algumas flôres de natal para colocação em um vaso.
A decisão estava tomada. Neste ano nada! Pensei em seguir, pela primeira vez, o que o meu coração mandava nesta época do ano.
E, justamente na manhã de hoje saí para fazer um depósito bancário. Manhã linda, sol no meu rosto e eu caminhando por entre as ruas, contemplando os edifícios, as casas e as pessoas que passavam por mim.
Eis que de repente, passando pela Rua Fabrício Pillar, me deparo com um homem gordo, mal vestido mas extremamente sorridente, clamando à sua esposa para que abrisse o portão de uma casa muito simples de madeira, desbotada, tinta descascada, sem jardim, sem vida. Olhei prá ela e, eis que de repente, conseguí enxergar brilho. E o brilho vinha de lindas bolas coloridas que ornavam a guirlanda presa na porta. E o sol deixava-as mais brilhantes ainda.
Confesso que parei para olhar tamanha beleza.
Minha cabeça girou ... Um lar aparentemente tão pobre tinha tido o cuidado de demonstrar a sua devoção ao Natal.
A partir dalí meus passos foram mais rápidos.
Cheguei no meu ninho, peguei uma pequena escada e, da última prateleira do meu armário, retirei a minha guirlanda e as flôres de Natal.
Algumas flôres estavam despregadas e logo apanhei uma cola quente para compô-las. Ficou linda! Dependurei-a com fio de nylon na minha porta. Olhei e gostei do resultado.
As flores restantes foram colocadas em um vaso de vidro que servirão de adorno para uma mesa que farei amanhã no jantar com algumas amigas.
Aquela casa! Ah! Aquela casa mudou tudo.
Mesmo que de forma discreta, não deixarei passar as Festividades de Final de Ano em vão.
As questões continuarão as mesmas, mas devotarei esta data justamente da forma como penso que deve ser encarada: com brilho e energia no meu coração.

Tropeços desesperados

"E então, baixinho,ela chorou.
Um choro manso, apesar do desespero que tomava conta de sua alma.
Chorou até os olhos vermelhos arderem, já sem lágrimas.
Não havia mais nada a fazer.
Súbito, levantou-se, caminhou até a cozinha, pegou uma faca.
A mais afiada de todas que havia entre os talheres.
Pensou por algum tempo se era mesmo o melhor a fazer.
Enfim, não lhe restavam mesmo esperanças:
Picou com fúria o chocolate meio-amargo, e comeu até o último pedaço!"
- Cássia Message -

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mais ao Sul - por Christian Davesac

Foi dia desses
“Saudade das pessoas, antes da vaidade e da ambição às encontrarem”.
Marco Antônio Xirú Antunes

Ultimamente, entre a ausência do blog e imprevistos que a gente tem que lidar, estive pensando e refletido sobre modismos que há muito vem me incomodando, um deles é o tal “bullying”, não somente o fato em si, uma exacerbação de acontecimentos cotidianos que sempre houveram, a forma como está sendo tratada, mas principalmente a denominação; coisa de louco como se americanizam as coisas “como nunca antes na história desse País”; No meu tempo bullying era para os desavisados, quase tão somente um recipiente de se colocar chá ou café, ou o tal bule, e discriminação e preconceito, era o que é ainda hoje no bom português. Mas bueno, os tempos mudaram e tal, acho que só eu não mudei (ainda bem que sei que não) mas quero relatar que já fui motivo de discriminação ou bullying, e acho que não me afetou em nada, bem diferente da sensibilidade atual das pessoas, onde o carinha da novela das oito tem problemas psicológicos porque foi iniciado sexualmente no meretrício (imagina se fosse moda antigamente – tava todo mundo internado) ou com uma senhora de maior idade e de seios fartos, não prestei bem atenção (não valia a pena), mas é por aí...
Eu sempre tive uma ligação espontânea com a arte como já falei antes, já integrei grupos de danças e compus letras para festivais nativistas, e foi aí que me ocorreu. Era dezembro de um ano qualquer e estava ocorrendo um festival na minha cidade natal, Santa Vitória do Palmar, sempre me agradei da coisa, tocava meu violãozinho e tal, mas me faltava uma outra coisa, o tal do talento, e sem esse tal, fica bem difícil ser músico. O festival se realizava/realiza no ginásio de esportes municipal, onde as arquibancadas laterais, e cadeiras centrais ficavam lotadas, abaixo das arquibancadas numa lateral, os vestiários davam lugar a copa (perfeito) e do outro lado viravam camarins, a lateral dos camarins era fechada e só circulavam músicos com identificação, e eu, guri metido a criado mirava o festival da copa e ansiava um dia estar do outro lado, ou no palco (que já via que ia ser difícil) ou quem sabe da outra lateral.
Daí me veio a idéia de escrever meus primeiros versos, que fiz logo em seguida durante o verão. Um dia, às vésperas de uma viagem, entreguei os versos para um amigo que precocemente participava dos festivais na região, era compositor, violonista e mais freqüentemente cantor de boteco (sem depreciação). Quando retornei, dias mais tarde, reunidos os amigos para a janta semanal de segunda feira lá no bar do Campeão, ele não tocou no assunto e eu aguardei, depois de todos reunidos e a bóia pronta e servida, já com algumas geladas a mais, ele puxou o violão e resolveu mostrar algumas obras, entre elas, ou só elas, os tais versos que escrevi, só que os arranjos eram de deboche, e até então a minha identidade de compositor não havia sido revelada ao público, era coisa nossa, e depois disto, se foi tudo água abaixo. Obviamente a chacota da turma agora era eu, que simplesmente ignorava o assunto e seguia as minhas expectativas silenciosamente.
Duma outra feita, entre tantas, em outra junção dos mesmos amigos que virava e mexia o assunto era o mesmo das composições, depois de passados meses e infindas gozações, um outro amigo que possuía uma ascensão natural sobre a maioria, resolveu criticar a forma como tava sendo colocada a coisa, que já estava ficando chato e que podia estar castrando a minha espontaneidade e até quem sabe o meu suposto talento... Mas ficou por aí, eu na minha e o cantador na sua, sempre que podia ele tirava um sarro da minha cara, uns riam também, outros já haviam mudado de idéia, e pra mim pouco importava, seguia fazendo meus versos, só não mostrava pra ninguém, e até de vez em quando entrava na brincadeira dizendo que depois mandava outros pra ele musicar.
O tempo passou, novas amizades se consolidaram, tive a oportunidade de conhecer outros músicos que me emprestaram seu talento e com eles fizemos algumas composições e tudo andou naturalmente.
Alguns anos depois, me vi no mesmo festival de música, dessa vez tinham trocado a copa de lugar pra bem na frente do palco e atrás das cadeiras, a lateral àquela de onde eu assistia antigamente seguia cheia da mesma forma, até enxerguei nela alguns rapazes que tenho certeza, almejavam a mesma coisa que eu, estar do outro lado, nos camarins. Eu, no entanto, segui vendo o festival da copa - não me agradei dos camarins - embora estivesse com passe livre e tinha realizado meu pequeno sonho.
O cantautor, que segue sendo meu amigo e de vez em quando nos vimos, conversamos, e damos algumas gargalhadas juntos, segue tocando em barzinhos, compondo e participando de festivais aqui na região, eu enxerguei ele nas cadeiras nessa ocasião, aguardando o resultado de sua apresentação. Nesse instante percebi que tinha realizado o meu outro sonho, o de subir ao palco, nesse caso para receber as principais premiações do festival, melhor tema campeiro, melhor arranjo e primeiro lugar.
Hoje recebi com alegria a notícia, que estaremos novamente participando no mesmo festival, fim de semana de 19 de dezembro, durante as festividades dos 138 anos do município, eu, ele e diversos outros amigos que fiz e espero recebê-los em minha casa, lá bem depois de onde a vista alcança, onde se fala diferente, e nada melhor do que se terminar um ciclo por onde se iniciou. É a 13º edição da Jerra da Canção Nativa de Santa Vitória do Palmar, um festival comum, sem a pretensão de ser melhor ou diferente, mas de ter seu espaço, sua identidade e promover a região para a cultura peculiar, o turismo da rota dos faróis, das lagoas, das praias, da fronteira, dos free-shops, etc.
Ah... tá bem... e o tal bullying? Não sei onde andava, ouvi falar agora que podia ter comprometido a minha personalidade ou sei lá, criado um trauma e até ter acabado com minha vida. Eu não penso assim, mas respeito quem acha que só isso é motivo para tanta coisa, mas, eu acho que onde tem milho tem gordura e onde tem gordura tem mosca...
Christian Davesac,
Rincão das Corticeiras, 14 de dezembro de 2010

sábado, 11 de dezembro de 2010

Santo Antônio canta Natal da Moenda

Tropeço de um coração partido

Eu hoje queria te ver pela frente.
Bater, gritar, xingar.
Dar o troco. Espernear, chutar e dizer palavrões.
Queria te encontrar.
Dizer o que nunca disse, enfim.
Gritar que o meu amor vale mais que o mundo,
E não quero que se transforme em desprezo.
Contar das dores do meu coração aos berros.
Te arranhar, humilhar e cuspir.
Te fazer infeliz e pisotear.
Dizer desaforos, calar tua boca e triunfar afinal.
Mas meu coração é caprichoso e meu corpo ainda te deseja.
Por isso se hoje eu te encontrasse
Esse ódio que é amor de verdade tomaria conta da minha maldade,
E tua boca calada eu iria beijar.
- Cássia Message -

Cotidiano - por Rosalva Rocha

Meus amigos e suas dicas ...



Se há algo, prá mim, que Deus criou com maestria foram os amigos.
Amigos verdadeiros, “permanentes”, mesmo que distantes no meu dia-a-dia.
Amigos que se pode chamar de amigo pelo simples fato de acompanharem a minha vidas na rua paralela mas que, quando preciso, encontram-se comigo no próximo cruzamento.
Tenho amigos de todos os tipos e cores: carrancudos, sorridentes, perspicazes, inteligentes, bem humorados e bons de coração. Uma verdadeira fauna!
E o mais interessante é que existe uma determinada afinidade com cada um deles. Cada um representa algo que gosto, com o qual gosto de conversar, de trocar e até mesmo de brigar.
Pois bem, neste espaço falarei sobre os meus amigos cinéfilos.
Já fui uma cinéfila inveterada nos “bons tempos da brilhantina”, quando, chegar em casa à 1 hora da manhã após ter assistido à uma pré-estréia de um bom filme, era o “prazer dos prazeres”. Obviamente que em cinemas de beira de calçada em Porto Alegre, pois os shoppings ainda não abrigavam as confortáveis salas que abrigam hoje, ou melhor, nem havia shoppings.
Mas esse tempo passou, como tudo passa na vida. O meu amigo daquelas noites intermináveis se enveredou para outros cantos e atualmente somente conversamos algumas besteiras gostosas e falamos de trabalho. Cinema? Nunca mais!
Com o passar dos anos e a vida aflorando com menos tempo, acabei ficando seletiva demais nesse quesito e, atualmente, somente vou ao cinema ou retiro um filme em uma locadora se o mesmo tiver sido indicado por um dos meus amigos cinéfilos.
E não é que sempre dá certo?
Em um dia desses eu passei um e-mail para uma amiga paulista somente com as seguintes palavras: “Oi! Uma boa dica de filme por favor”. E a resposta veio como um raio: “SONHO POSSÍVEL”. Bingo!
Há poucas semanas atrás, conversando com outro amigo pelo MSN, fui literalmente interrompida na conversa com as seguintes palavras “ah ... não deixe de assistir MEU NOME É RADIO”. Bingo novamente!
Sem dúvida, dois filmes maravilhosos, que tratam as limitações e o poder do ser humano em entendê-las de uma forma ímpar.
Só que, na ânsia de assistir aos dois, fiz algo errado. Assisti a 1ª. dica primeiro, o que não deveria ter sido feito. O certo seria assistir, em primeiro lugar, MEU NOME É RÁDIO e, depois sim, SONHO POSSÍVEL.
Garanto que são dois filmes que valem a pena. São filmes que me remontaram o prazer do cinema, o prazer de sair de casa e valher-se do “evento”. Mas, como atualmente essas coisas estão ficando cada vez mais espaçadas fica a dica: Busque-o na locadora, ordene-o como falei, faça uma bacia imensa de pipocas, ajeite-se na melhor poltrona da sua casa e entre prá dentro da tela.
Certamente não te arrependerás!
22/11/10

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Rádio Buzina e Livraria Cultura

Capítulos da Josi - Feliz Natal!

Está aberta a temporada de pânico urbano. Todos querem adiantar-se nas compras, por isso o Natal começa cada vez mais cedo, mas parece que não adianta, até o último dia a correria e o tumulto persistem.

Independente do valor que virá na fatura do cartão de crédito, não tem como deixar pensar nas pessoas que não celebram o Natal por falta de condições financeiras.

O simbolismo desta data não põe comida na mesa, infelizmente, e só pensar e comover-se também não.

É possível que cada um faça um pouco. Eu pego, todos os anos, a cartinha ao Papai Noel. Aqui em Santa Maria o pessoal dos correios recebe e separa por pedido. É só escolher o que quer dar, pegar uma cartinha, comprar o pedido e deixar no correio que eles entregam. Sempre deixo um recadinho esperançoso e assino Papai e Mamãe Noel e juro, a gente realmente se sente importante. Façam e comprovem.

A minha família costuma reunir-se nos Natais. Cada um leva algum alimento que juntamos e damos a uma família carente. A família não é grande (26 ao todo), mas contribuímos com mais de um alimento e acaba em um monte de coisas que acredito, fazem a diferença no final de ano da família que recebe.

O importante não é fazer muito, mas fazer o melhor que podemos.

E assim são os Natais na minha casa, sem o glamour de enfeites enormes, presentes muito caros e ricos banquetes (mas pela quantidade é possível comer durante 3 dias), entretanto é visível que cada um oferece o que tem de melhor e por isso é, sem dúvidas, muito especial.

Eu sou a responsável por pegar o presente debaixo da árvore e chamar o presenteado. Pra mim, é impagável a felicidade da minha afilhada Bibiana com um monte de cacarecos que somam 10 pacotes debaixo da árvore, as vezes eu a chamo e antes que ela termine de abrir, propositalmente, chamo de novo, ela fica enlouquecida porque tem que parar no meio pra receber o outro. Ela já ta ficando grande, mas os “guris” do Dudu já estão nos planos pra continuar a saga e depois os primos e manos que virão.

Não há dinheiro no mundo que recompense a cara de satisfação do Tio Joelson elogiando um prato bem feito, o Tio João orgulhoso da cerveja no ponto ou o pai que passa a tarde sentado nos vendo arrumar a casa fazendo oportunos comentários que nos fazem chorar de rir. Não dá pra esquecer a disputa pelo melhor presente do amigo secreto e a Vó, como uma verdadeira matriarca, entregando os presentes de um a um.

É certo que as festas não são iguais todos os anos, faltam alguns, chegam novos, mas o amor e o carinho que temos uns aos outros é o mesmo e verdadeiro. É a fonte que nos rejuvenesce ano após ano, pra agradecer o passado (independente do que ele nos tenha aprontado), viver o presente e principalmente, botar fé no futuro.

As ausências físicas (momentânea ou não) não são ignoradas, mas tem uma leva que chegou a pouco e merece o melhor Natal do mundo e nós, mesmo moídos de saudosismo, temos o dever de proporcionar-lhes isso.

Lamento informar aos que desconhecem que, embora todo mundo (pobre, rico, mais ou menos) faça do Natal um momento de renovação de esperança, o mundo continua no mesmo ritmo e não será a nossa comoção ou a ajuda que mudará em uma noite.

Então, oferecemos o que temos de melhor aos nossos e a quem possa receber por osmose a nossa felicidade.

Vamos desligar o canal do politicamente correto e vamos adquirir forças para realmente fazer a diferença em 2011.

Sim, porque se recompor e consertar o mundo são coisas de ano novo!!!

Feliz Natal a todos e muita saúde, paz e força no próximo ano.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pérolas do Rico

Um novo perfume está no ar

Notável notícia nos trazem os veículos de comunicação : o novo censo do IBGE. Nesta conceituada pesquisa, descobriram que o Rio Grande está mais feminino, ou seja, existem mais prendas do que peões.

Isso é muito bom, principalmente num estado que sempre foi considerado machista : o produto quanto mais raro, mais valorizado fica.


As prendas, por longos anos, foram consideradas em menor número e até menos valorizadas.


Esse tempo acabou, o avanço das mulheres, em todos os campos, demonstra que as prendas estão nos desbancando em muitos postos, mas não importa, existem inços que fazem bem para a terra e, encher o nosso Rio Grande de gauchinhas só nos dá orgulho e satisfação.


Certamente, o novo Rio Grande vai ser mais alegre, mais terno, mais leve, não tão carrancudo como até então, pois os próprios peões ficarão felizes com as prendas esvoaçando as tranças minuano a fora. E o cheiro forte dos couros, das rédeas, do suor dos pingos se misturará com o novo perfume que está no ar.

Que vinguem todas neste torrão !

- Joelson Machado de Oliveira -

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Longe do interior...

Cotidiano - por Rosalva Rocha

A Mesa

A mesa

Sempre a mesa

Aquela mesa

Que tanta falta me faz

No cotidiano pesado, às vezes parado, sempre me lembro da mesa. Sim, da mesa! Uma mesa com toalha de pano quadriculada, com pratos amarelos desbotados, com bordas riscadas, rodeados por garfos, facas, copos e guardanapos. Em cima dela nada de sofisticado – somente um paliteiro, um pote de sal, um de vinagre e outro de pimenta malagueta.

Nela todos com seus lugares marcados. Ninguém precisava avisar aonde eu tinha que sentar.

12h00min. Almoço servido. Todos à mesa. Uma conversa sempre rolava, geralmente sobre o colégio e muitas “lições de moral”, mesmo a meu contragosto.

Assim era a nossa mesa no tempo do meu pai. Prá ele, a família tinha a obrigação de fazer as refeições junta.

O prato dele era cheio de verde, muito verde. E sempre com “carne de cortar”. Minha mãe enlouquecida entre o fogão e a mesa, sempre preocupada com o que poderia faltar. Mas nunca faltava nada e, se faltava, eu não lembro, pois não tinha importância alguma.

Lembro-me até hoje da frase por ele proferida todos os dias antes das refeições: “Não se esqueça de lavar as mãos”, hábito que nem sempre cultivo nesta vida que já não mais me oferece a mesa.

Nunca mais tive uma mesa

Uma mesa sem pressa

Onde se pudesse comer e parar um pouquinho para conversar

Divagar sobre algum assunto

Poetar

Esquecer que as louças precisam ser lavadas

Que a comida que restou precisa ser guardada

E se eu disser que muitas coisas que sei hoje eu aprendi justamente na mesa?

E seu eu disser que, talvez, a minha saudade maior seja justamente a mesa?

Por que ela sumiu da minha vida se eu sei que é nela que os ajustes da família são feitos?

Se é nela que a gente abre o coração de verdade?

Se é nela que a vida fica mais amena e é propícia para que os planos rolem?

Aonde está a mesa?

Um retângulo de madeira, seguro por quatro pés, é para mim, atualmente, a mais singela lembrança dos meus tempos sem pressa, sem discórdias, sem grandes intenções.

Um retângulo de madeira que apoiava os meus sonhos, que traduzia a minha segurança e me fazia pensar que seria para sempre.

Uma mesa POR FAVOR!

Rosalva – 09/11/10

Longe do interior...

Poesias Cantadas - Um tributo às grandes canções desconhecidas 02/12/2010 Usina do Gasômetro

Posted: 30 Nov 2010 07:42 AM PST

Poesias Cantadas - Um tributo às grandes canções desconhecidas

Em meio a diversos tributos e homenagens a artistas de grande renome em nível nacional ou internacional, eis que surge um fato inusitado. Batizado como Poesias Cantadas - Um tributo às grandes canções desconhecidas, o objetivo deste novo projeto é levar ao público músicas e letras com intenso teor poético de artistas pouco conhecidos, que não figuram nos veículos de massa; grandes canções de grandes artistas que (ainda) não tem o devido reconhecimento popular. As apresentações serão feitas sempre em formato acústico.

A idéia do projeto surgiu em virtude da vasta quantidade de música que se veicula hoje na internet em sites como myspace, last fm, tramavirtual e outros; só para se ter uma noção, o myspace tem sido considerado por muitos como a maior gravadora independente do mundo, analogia feita devido ao seu enorme 'casting', que contém também artistas já conhecidos, mas que tem em sua maioria artistas desconhecidos do grande público, assim como acontece nos demais portais onde se compartilha músicas. Outra inspiração para a concepção do projeto foram as apresentações ao vivo destes artistas, uma ótima fonte de pesquisa para testar o apelo popular de tais canções.

Com o apoio do Movimento SOMA, do Coletivo Veneta e da Usina do Gasômetro, o projeto conta com a participação dos integrantes da banda AuditivA, Neo e Ricardo Saldanha, além de participações especiais de músicos envolvidos com a cena musical de Porto Alegre, tendo sua estréia no estado do Rio Grande do Sul. Outra peculiaridade é de nunca se tocar composições de músicos locais, para evitar se cair no óbvio; o projeto tem a real intenção de mostrar o novo, de levar ao público canções o mais desconhecidas possível. Poesias Cantadas - Um tributo às grandes canções desconhecidas é uma boa opção para quem costuma buscar novidades e para aqueles que gostam de apreciar obras poéticas.


Serviço:
Poesias Cantadas
Local: Usina do Gasômetro - 5o Andar (Sala 505)
Data: 02/12/2010
Horário: 19h30
Valor: 1 kg de alimento não-perecível

Fonte: corjablog.blogspot.com

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Transformação

Um estranho filme passou em minha cabeça no dia em que a Rosalva sentenciou: vou parar de escrever o 'Memórias da Pinheiro', ao menos por um tempo.
Até ela conseguir me explicar - e eu ter calma para entender - seus motivos, transcorreu o que parecia uma eternidade.
Não preciso contar aqui porque o 'Memórias' está em stand by, pois está claro na sua última postagem.
Este registro é para marcar não o final, ou a interrupção de um série, mas o começo de outra.
Hoje, no post abaixo, Rosalva inicia uma nova forma de participação em nosso blog: por meio da coluna 'Cotidiano', onde descreve, em sua postagem inicial, a cena ocorrida na entrada de um cinema, antes mesmo do filme começar.
Ao postar este texto, percebo que apesar dos meus temores, o que ocorre hoje é apenas uma saudável transformação: antigas memórias dão espaço para os acontecimentos do dia-a-dia de uma escritora que, a cada dia, se renova, tornando surpreendente e deliciosa uma história verídica que, sem sua aguçada percepção dos acontecimentos que a cercam, talvez tivesse simplesmente se perdido no esquecimento de um casal.
Seja sempre bem-vinda a este blog que é nosso, e fique à vontade para se transformar sempre, amiga.
- Cássia -

Cotidiano - por Rosalva Rocha

ESTRANHO PAPO

27.10.10.

Café em frente ao cinema do Moinhos Shopping, às 13h10min.

Eu ali, sentada em uma poltrona forrada na cor vermelha, aguardando minha amiga para assistirmos COMER, REZAR, AMAR.

Obviamente que, dez minutos antes eu já havia adquirido o ingresso e tomado o meu “expressinho”. Minha amiga, como sempre, chegou no “último minuto do segundo tempo”. Somos tão parecidas em tantas coisas e tão diferentes em outras!

Ao meu lado um casal muito jovem namorando. Não! Discutindo!

Muito embora eu não seja do tipo “bisbilhoteira”, era impossível não entender as palavras que um jogava para o outro.

Tudo muito estranho. Um diálogo que me deixou surpresa pela sua “profundidade” (sim, para eles devia ser!).

Ele: Eu te falei! Não quero que olhes para os lados, especialmente quando estivermos no Bar ... (não me recordo o nome do tal Bar!).

Ela: Mas eu não olhei gato. Meus olhos são só prá ti!

Ele: Me engana que eu gosto! Se pensas que me seduzes com essa boquinha linda estás enganada!

- Neste momento ela “tasca” um beijo nele – Ele retribui (não tive como não olhar)

Retornando:

Ele: Chega de beijo. Eu não gosto do teu beijo!

Ela: Então por que estás comigo gato?

Ele: Simplesmente porque ti amo!

E, sem mesmo tomarem um mísero cafezinho saíram dalí lépidos e faceiros. Ele com uma calça jeans muito larga e um tênis mais do que batido, e ela com um shortinho prateado e um sapato de salto 15 – nada a ver, mas nada a ver mesmo prá mim naquele momento.

Fiquei pensando no tempo em que eu tinha mais ou menos a idade deles.

Será que os diálogos eram assim? Sinceramente não me recordo, mas recordo da paixão que pairava no ar. No quanto uma briga “produzida” vez ou outra atraia um “voltar” com mais intensidade, jurando perdão por toda a vida, como se a partir daquele momento tudo fosse infinito. E mais: recordo que nunca chamei um namorado de “gato” (sempre preferi os cachorros!).

Minha amiga chegou e eu não a vi. Ainda estava vendo, na memória, a saída dos enamorados e da sua discussão “mais do que por justa-causa” – tão sem causa!

Entramos na sala do cinema, ajeitei-me na poltrona e comecei a assistir ao filme. Eu, minha amiga e somente mais uma pessoa. O cinema era literalmente nosso!

O diálogo simplesmente encantador, a fotografia linda, o propósito das mensagens mais do que interessantes e eu ali, chorando, chorando – vez ou outra soluçando e me questionando: “quem sou eu para ficar analisando uma discussão inútil de um simples casal de namorados se não consigo sequer me manter firme frente a um filme que merece tanta atenção?” A conclusão? Meus lados infantil e sentimental ainda não desapareceram. Será que um dia desaparecerão?

Rosalva

28/10/10