- Alô?...Alô...
- Sim, Carol, sou eu, pode falar - ele gostava de ouvir a voz da mulher.
- Olha só, sei que vai parecer meio chato, mas tenho que te falar uma coisa antes da viagem.
- Liga não. Tô sabendo do Manoel.
- O que é que tem o Manoel? - disse ela meio preocupada.
Ele silenciou do outro lado da linha, que raiva, ela ainda não sabia do crime. E agora? O que fazer?
- Ciro...Ciro...você ainda está aí?
- Claro, claro. Esquece o Manoel. O que você quer me falar?
Agora foi a vez dela silenciar. Suspirou e então lascou:
- Lembra das nossas alianças, né? Claro que lembra. Então você deve recordar que quando casamos a minha Avó derreteu as alianças dela e do meu Avô e nos deu de presente. Foi com aquele ouro que fizemos as nossas alianças.
- Sim, e daí?
- E quero a sua aliança de volta. Aliás, sua não. Minha aliança, porque o ouro dela era da minha Avó.
A faca do sofrimento penetrou fundo em seu coração, deixando-o em silêncio, quase congelado. Uma lágrima teimou em escorrer de seu olho esquerdo.
- Alô, Ciro! Tá me ouvindo?
Com raiva ele disse:
- Entreguei tudo ao Manoel. E outra coisa. Mataram ele aqui na entrada do prédio. Não fui eu, não sei quem foi. Não sei nada da droga da aliança.
Ele disse aquilo e roçou o dedo polegar na aliança, como que acalmando-a em sua morada.
A ligação caiu. Ele largou o telefone e foi atender de novo a porta (mas que dia de encheção de saco!!).
O policial sem nem entrar apenas lhe disse:
- Esqueci de lhe dizer uma coisa. O carinha aquele não morreu. Foi levado baleado ao Pronto Socorro. Até onde eu o vi, estava vivo. Essas "bichinhas" não morrem fácil assim - disse ironicamente e foi embora rindo pelas escadas.
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