quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Novela em Bate-Bola - Capítulo 2

CAPITULO II (Josi)


Eram raras as vezes em que Joana conseguia ficar sem pensar em nada. Desde a morte do pai ela trabalhava de dia e estudava a noite para ajudar a mãe nas despesas da casa.

Sempre chegava tarde e envolvida com os trabalhos da faculdade, arrumando a roupa do dia seguinte e, principalmente, caindo de sono.

Naquele dia, o frio e a briga com o chefe foram as razões para ir direto pra casa, sem passar antes na universidade.

Os poucos segundos que passara ali, imóvel pareceram uma eternidade. A mãe interrompeu o transe mandando-a para o banho enquanto a lentilha aquecia.

Joana nunca fora boa para guardar datas, mas calculava que faziam sete meses e alguns dias que seu pai falecera de cirrose hepática e oito meses da grande tristeza de sua vida.

Ligou o chuveiro quente, que enchia o banheiro de fumaça e antes que sua figura sumisse no espelho embaçado Joana sussurrou: - ele não poderia morrer em paz se não me deixar essa dor.

O pai severo e alcoólatra sempre foi um problema na vida da família. Além de não trabalhar devido a problemas de saúde causados pela bebida, ainda era extremamente agressivo com a mulher e a filha.

Ainda durante o velório a mãe de Joana lhe sussurrou ao ouvido: - estamos livres; morreu jovem mas perturbou muito! Provando que a vida ficaria mais leve a partir daquele dia.

Joana deixa que a água do banho leve suas lágrimas. Não sente falta do pai, mas sente culpa por ter acatado o que aquele homem obrigou-a a fazer.

Ela ainda tenta justificar dizendo que era muito jovem, que tinha muito medo do pai. Mas nada estanca as lágrimas, no fundo ela sabe que poderia ter enfrentado e hoje certamente seria muito mais feliz.

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