domingo, 22 de novembro de 2009

Lagoa dos Barros

ÁGUAS QUE ABRAÇAM MUNICÍPIOS DO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL
LAGOA DOS BARROS - UMA LAGOA COM MUITAS HISTÓRIAS
UM PATRIMÔNIO A SER PRESERVADO

A água é um bem, um patrimônio. E todo bem deve ser cuidado, mantido e preservado.
Como toda herança advinda da natureza ou as geradas pela humanidade e concebidas como um bem coletivo devem ser conservadas para as gerações que sucederão às atuais, com responsabilidade e senso crítico.
Com esse entendimento e compreensão as comunidades usufrutuárias da Lagoa dos Barros, localizada no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, são detentoras de um patrimônio natural e histórico que a todo custo deve ser mantido, preservado e legado como herança para as futuras gerações.
A Lagoa dos Barros é um patrimônio natural e histórico, conhecido e reconhecido por nossos antepassados, que fizeram suas vidas nas comunidades que a abraçam e também dos que a usufruem como área de lazer ou como insumo da produção do arroz, economia tradicional da região, desde décadas passadas até o presente.
Lembro de meu saudoso pai – o historiador José Maciel Júnior (residente em Santo Antônio da Patrulha, município que faz divisa com o de Osório) contar lendas sobre a Lagoa dos Barros ou informar do primeiro proprietário das terras no seu entorno, vindo a dar o nome àquele manancial de água doce.
O também historiador Monsenhor Ruben Reis escreveu sobre o primeiro povoador da Lagoa. Diz ele que no distante século XVIII, Manoel de Barros Pereira, um dos primeiros a ganhar terras em Santo Antônio da Patrulha recebeu, em 1744, carta de sesmaria, junto à lagoa que hoje tem o seu nome e ali se radicou. Teve com sua escrava Teresa uma filha que ele reconheceu, vindo a chamar-se Margarida da Exaltação da Cruz. Ela, com 13 anos, casou-se com Inácio José de Mendonça, e passaram a residir nas terras da sede da futura Vila de Santo Antônio da Patrulha. Evidenciado está que o casal de primeiros moradores da avenida principal da antiga cidade – a atual Borges de Medeiros está diretamente relacionado com o “Menino Diabo” – apelido dado a Manoel de Barros, celebrado e perpetuado na toponímia da tranqüila Lagoa dos Barros.
Também escreveu José Maciel Júnior em sua obra Reminiscências da minha terra: Santo Antônio da Patrulha um artigo que leva o título Lenda da Lagoa dos Barros. Diz ele assim:
“Na divisa dos municípios de Santo Antônio da Patrulha e Osório, à margem da rodovia, existe um vasto lençol de água doce, conhecido pelo nome de Lagoa dos Barros.
Uma linha seca e reta, partindo da sanga do Pinho, na costa da serra, atravessa a referida lagoa, alcança o Sangradouro Velho e serve de divisa entre os dois municípios.
Conta lenda que em noite de luar, um casal de noivos em idílio amoroso passeava pelos campos que margeiam a costa da serra. Pela madrugada adormeceram, quando foram despertados por um estrondo pavoroso, seguido por grandes relâmpagos que iluminavam o céu e as águas em grandes borbotões desciam da encosta da serra, envolvendo os noivos, que foram tragados pela imensidão das águias, formando assim a lagoa que passou a se chamar de FORMOSA.
Com muita freqüência ocorriam misteriosas aparições. Em certas noites, quando menos se esperava, surgiam das trevas fantásticos cavalos brancos montados por gênios encantados com feições de mulheres, a galopar pelo descampado, vindo das águas um vento aquecido e o barulho dos cascos aumentando, infundia pavor aos habitantes da área próxima. Quem já avistou a sinistra cavalgada, guarda para sempre a terrível impressão das almas penadas, a cavalgarem noite adentro até sumir na Lagoa.” (p. 73)
Uma Lagoa com tantas histórias e lindas lendas, com forte representação do imaginário popular na região do seu entorno, não pode ser poluída. Ela deve sim ser reverenciada em homenagem a tantos que no passado e no presente mais recente a reconhecem como um bem. E um bem se cuida e se preserva.
A palavra de ordem é: LAGOA VIVA – SUA HISTÓRIA, SUAS LENDAS SÃO SUA PROTEÇÃO!
Véra Lucia Maciel Barroso
Historiadora, filha de José Maciel Júnior, patrulhense que dedicou-se a defender e a preservar a história e a natureza de sua terra (faleceu em 1987)

Um comentário:

  1. Contar com uma descrição desta deixa o blog cada vez + interessante. E assim a gente vai caminhando e aprendendo ... Rosalva

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